E se um restaurante distribuísse todo o dinheiro que ganha?

Por Kate Krader.

Quase todas as noites da semana há um chef em algum lugar oferecendo um jantar para arrecadação de fundos, servindo almôndegas de pato e massa com frutos do mar para organizações sem fins lucrativos como Robin Hood Foundation, que combate a pobreza, e Edible Schoolyard NYC, que promove a jardinagem. A principal tarefa de um chef é alimentar, certo?

Mas alguns deles fazem mais do que isso. No novo Rooster Soup, na Filadélfia, EUA, o chef Michael Solomonov, ganhador do prêmio James Beard, entrega 100 por cento dos lucros do restaurante à igreja Ministério Broad Street, que oferece apoio — incluindo refeições de três pratos — a milhares de pessoas necessitadas.

Para Solomonov, de 38 anos, a ideia do Rooster Soup começou com um frango. Centenas deles, na verdade.

Em sua adorada mini rede Federal Donuts, que abrirá sua próxima unidade em Miami, as rosquinhas podem estar no nome, mas quem tem a fama é o frango frito. Há cerca de quatro anos, ele decidiu deixar de comprar frangos em partes e passou a pedir aves inteiras para melhorar a qualidade. Solomonov logo se viu com 450 quilos de miudezas de frango sobrando.

O que fazer com 450 quilos de sobras de frango? Sopa. “Sopa de frango cura qualquer mal, não é mesmo?”, brincou Solomonov, no telefone. “Mas eu não tinha espaço para 400 litros de sopa de frango em nenhum dos meus cinco restaurantes.”

Ele decidiu então que aquele era o momento oportuno de abrir um restaurante especializado em sopas.

Ao mesmo tempo, o parceiro de negócios de Solomonov, Steven Cook, um ex-banqueiro de investimentos da Blackstone Group que virou chef, entrou no conselho da Ministério Broad Street. Juntos, eles decidiram criar o restaurante Rooster Soup e entregar os lucros à Broad Street.

“O negócio de hospitalidade é uma contradição”, disse Cook. “Hospitalidade, por definição, é dar sem esperar receber nada em troca, mas é algo que também nos paga. Vê-la praticada em sua forma mais pura na Broad Street foi uma autoanálise para nós.”

O que tornou a Broad Street característica para Cook, e depois para Solomonov, foi sua pouco ortodoxa declaração de missão. Essa comunidade baseada na fé oferece consultoria jurídica e serviços médicos e psiquiátricos e serve quase como endereço residencial para onde receitas médicas, por exemplo, podem ser enviadas pelo correio. Voluntários vão até lá e tocam música. Às vezes, no lugar também são dadas aulas de arteterapia.

“A Broad Street não se resume a uma fila de pessoas do lado de fora esperando para receber uma sopa e um sanduíche ruim”, disse Solomonov. “É uma antiga igreja muito bonita com garças de origami por todos os lados.”

Segundo dados da Broad Street, 27 por cento da população da Filadélfia vive abaixo da linha da pobreza, o que classifica a cidade como a mais pobre entre as 10 municipalidades mais populosas dos EUA.

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