Economia dos EUA ainda está longe dos níveis pré-crise

Por Christopher Condon.

As coisas estão melhorando. As previsões de crescimento econômico para os Estados Unidos estão em alta, empresas continuam contratando sem pressionar a inflação e a confiança de empresários e consumidores melhorou significativamente.

Mas não fique muito animado. As retomadas não duram para sempre, e, quando esta chegar ao fim, pode ser difícil argumentar que a economia, de fato, se recuperou.

“Vimos uma mudança radical na confiança, mas acho que as pessoas estão indo um pouco na onda”, disse Joseph Davis, economista-chefe da Vanguard Group Inc., a maior empresa global de fundos mútuos. “As forças que importam apontam todas para um mundo de crescimento mais baixo.”

A diferença entre uma recuperação cíclica que impulsiona o crescimento dos EUA modestamente acima da média pós-crise de 2,1 por cento e uma mudança estrutural que restabeleça os níveis de expansão pré-crise é importante, e não apenas pela razão óbvia de que o mais rápido é melhor. Será um determinante crucial da capacidade da política monetária de lidar com a próxima desaceleração. E, até o Federal Reserve se sentir mais confiante de que tem essa capacidade, as autoridades de política monetária terão uma razão extra para manter as altas graduais da taxa de juro.

Se o custo dos empréstimos aumentar em linha com as projeções divulgadas em dezembro pelo banco central, de três altas de 0,25 ponto percentual por ano pelos próximos três anos, esse movimento ainda deixará a taxa dos fundos federais distante de 3 por cento no final de 2019. Os contratos futuros indicam que os investidores não esperam que a taxa alcance sequer 2 por cento.

Não há espaço suficiente para se sentir confortável. Em resposta às oito recessões registradas de 1957 a 2001, as autoridades de política monetária reduziram as taxas em 5,5 pontos percentuais em média, segundo dados do Fed. A última vez que uma recessão nos EUA levou a cortes que totalizaram menos de 3 pontos percentuais foi entre 1960 e 1961.

Juro zero

Em outras palavras, na ausência de um surpreendente forte impulso de crescimento, uma recessão padrão em qualquer período nos próximos três anos provavelmente levará a taxa básica de volta a zero, um perigoso cenário nunca visto nos EUA antes de 2008, e do tipo que exigiu sete anos para se escapar dele. Dependendo da gravidade e tempo da recessão, o Fed, preocupado com o espectro de deflação, também pode ser obrigado a novamente comprar ativos, uma medida que certamente trará problemas.

Por um lado, as compras de ativos não são consideradas tão eficazes quanto a redução da taxa de juro. “Quando a inflação é muito baixa e nossa taxa básica está estagnada no limite zero, temos dificuldade em proporcionar uma acomodação adequada com políticas não convencionais”, disse Charles Evans, presidente do Fed de Chicago, em um discurso na sexta-feira.

Mickey Levy, economista-chefe para Américas e Ásia da Berenberg Capital Markets LLC, de Nova York, tem uma previsão acima do consenso de crescimento de 3 por cento em 2018 para a economia dos EUA. Ele espera que Donald Trump possa estimular a economia no longo prazo com a flexibilização da regulamentação e corte de impostos corporativos. Ainda assim, Levy admite que sua perspectiva não impulsionaria a expansão o suficiente para trazer novamente a normalidade de antes.

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