Por Blake Schmidt.
Eike Batista conseguiu sair de um buraco bilionário pouco antes de entrar em outro — a prisão.
Depois de alcançar o posto de oitavo homem mais rico do mundo em seu auge, no início do ano 2012, o magnata brasileiro perdeu US$ 35 bilhões em apenas um ano com o colapso de seu império de commodities. A situação ficou tão ruim que ele se transformou no primeiro bilionário negativo conhecido do mundo. (Isso significa estar nove zeros no vermelho). Contudo, após quitar algumas dívidas e reestruturar um ou dois acordos, ele parecia estar ensaiando uma recuperação. Sua riqueza até voltou ao território positivo e é avaliada em cerca de US$ 100 milhões, segundo o índice Bloomberg Billionaires.
Eike foi preso no fim de janeiro sob acusação de lavagem de dinheiro e corrupção. Atualmente, ele passa seus dias em uma cela de 15 metros quadrados em uma prisão do Rio de Janeiro conhecida por brigas mortais entre quadrilhas e pelas temperaturas sufocantes. Além disso, enfrenta novas acusações civis na Flórida, EUA, e nas Ilhas Cayman pelo suposto desvio desonesto de milhões de dólares ao exterior antes que os investigadores brasileiros pudessem chegar aos ativos.
Entre as acusações dos processos consta que Eike, aceitando a recomendação do conselheiro espiritual Ubirajara Pinheiro, jogou cerca de US$ 130.000 em moedas de ouro no Oceano Atlântico no ano passado a partir do deck de um iate enfeitado com flores e perfumes para a ocasião.
“Todas essas riquezas de que todos falavam”, disse Pinheiro, em entrevista por telefone, do Rio, “não acho que isso trouxe bons fluídos para ele”. Por isso, explicou Pinheiro, aconselhou Eike a fazer as pazes com Iemanjá devolvendo ouro à natureza após realizar extração mineral durante anos.
Os advogados de Eike Batista não responderam imediatamente a um pedido de comentário sobre a cerimônia com as moedas de ouro.
Contas no exterior
O advogado criminalista de defesa de Eike disse a jornalistas em 30 de janeiro que a preservação da segurança pessoal de seu cliente é seu objetivo principal e que não definiu uma estratégia legal. Eike e um sócio teriam pago US$ 16,5 milhões em propinas ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, por meio de contas offshore, segundo comunicado de procuradores brasileiros. Cabral negou qualquer irregularidade.
A ação civil, aberta por entidades associadas ao investidor americano Paul Tien e tornada pública em janeiro, acusa Eike de ser o chefe de um esquema fraudulento para convencer investidores com promessas de vastas descobertas de petróleo e o compromisso de garantir os investimentos com sua própria fortuna, se necessário.
A ação de 97 páginas acusa Eike de transferir US$ 572 milhões para as Bahamas em 2013 e outros US$ 90 milhões para a Suíça. Eike também teria transferido até US$ 89 milhões em dinheiro e imóveis para os dois filhos e a ex-namorada, segundo documentos judiciais.
Darwin Correa, advogado de Eike Batista, negou as acusações da ação judicial e disse por e-mail que a transferência de US$ 572 milhões está relacionada ao pagamento de uma dívida com a venda de sua unidade de energia. Ele não respondeu especificamente a um pedido de comentário sobre as outras quantias mencionadas na ação judicial. Ele também disse que a empresa de Eike, a OGX, recentemente concluiu uma reestruturação na qual os credores foram convertidos em detentores de ações, razão pela qual as acusações relacionadas aos títulos “não têm base”.
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