El Niño no cinturão do café brasileiro pode dar cafezinho amargo

Por Fabiana Batista e Brian K. Sullivan.

O El Niño pode alterar o regime de chuvas nas áreas de plantio do café arábica a partir de maio, justamente quando as colheitas começam. Isso pode ser ruim para a qualidade dos grãos do maior fornecedor mundial.

Chuvas acima da média são esperadas no sul de Minas Gerais, no cinturão do café arábica no país, de fim de maio até julho, quando a maioria dos grãos são normalmente colhidos, Celso Oliveira, um meteorologista na Somar Meteorologia em São Paulo, disse ao telefone.

O fenômeno El Niño que desregula os padrões do clima no mundo todo pode trazer mais chuva para a região central do Brasil, ele disse. Os EUA informaram que um El Niño mais fraco está a caminho no Pacífico equatorial e pode durar vários meses mais. A chuva “pode vir acompanhada de ventos, o que geralmente faz os grãos caírem no chão”, disse Oliveira.

Ao mesmo tempo em que a umidade não vai prejudicar o volume da safra, que tende a ser grande para um ciclo de menor rendimento, isso não é bom para a qualidade, que já está sendo questionada após muitas lavouras terem tido várias floradas no ano passado, produzindo grãos em diferentes estágios de maturação, disse Francisco Cesar Di Giacomo, um produtor no município de São Gonçalo do Sapucaí, Minas Gerais.

“A uniformidade do grão será testada este ano, porque a quantidade de café maduro no solo será alta”, disse Di Giacomo. “Isso também prejudica os preços, já que baixa qualidade significa ainda menor receita para os produtores”.

Ainda assim, uma estação seca mais úmida não é um consenso para o café. O período de junho a agosto “não está particularmente úmido pelas nossas previsões”, disse Joel Widenor, diretor de serviços agrícolas do Grupo Commodity Weather em Bethesda, Maryland.

As chuvas nas principais áreas de plantação de café provavelmente vão variar entre a média e abaixo do que o normal, ele disse por telefone. “Poderá haver alguma chuva durante as primeiras colheitas e, depois, uma diminuição ao longo das colheitas seguintes”.

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