Eletrobras conquista traders com escolha de novo presidente

Por Paula Sambo e Vanessa Dezem, com a colaboração de Aline Oyamada.

A maior empresa de energia da América Latina está tentando convencer os investidores de que a recuperação de seus títulos está longe do fim e de que quer deixar um escândalo de corrupção para trás.

A Centrais Elétricas Brasileiras, controlada pelo governo brasileiro, indicou Wilson Ferreira Jr., como novo presidente no lugar do atual executivo, conhecido por ter recomendações políticas. Ferreira tem sua reputação baseada no sucesso da privatização de ativos e no aumento da rentabilidade da CPFL. O mercado credita ao executivo a capacidade de transformação da CPFL na maior empresa de energia integrada do Brasil em seus 18 anos de empresa.

A jogada provavelmente aumentará a confiança dos detentores de títulos da dívida na Eletrobras, como a empresa é conhecida, segundo Patrik Kauffman, da Solitaire Aquila. Deficitária, a empresa que gera um terço da eletricidade consumida pelo Brasil tem procurado reconquistar a confiança dos investidores desde 2014, quando o Ministério Público Federal começou a alegar fraudes em alguns de seus projetos. Embora o total de US$ 1,75 bilhão em notas da Eletrobras tenha caído depois que a empresa deixou de ser negociada na Bolsa de Nova York, no mês passado, os papéis se recuperaram e agora acumulam alta de 18 por cento no ano. O avanço é mais de duas vezes maior que a média dos mercados emergentes. Os títulos para 2021 subiam 0,9 por cento, para 91,1 centavos de dólar, às 9h24 em Nova York.

“Ferreira Jr. é uma notícia positiva para a Eletrobras”, disse Kauffman, que possui títulos da Eletrobras como parte dos US$ 11 bilhões em ativos que ele ajuda a administrar. “Estou ansioso para ver a alta dos títulos”.

Ferreira estava no comando durante a alta de cerca de 150 por cento das ações da CPFL desde a abertura de capital, em setembro de 2004. As ações da Eletrobras caíram 14 por cento no período.

A empresa de energia com sede no Rio de Janeiro recorre a Ferreira depois que seus acionistas a autorizaram a vender sua participação de 51 por cento na Celg Distribuição por pelo menos R$ 1,43 bilhão (US$ 433 milhões), parte do esforço do governo para levantar caixa a fim de reduzir seu déficit orçamentário.

Ao escolher Ferreira, o governo do presidente interino Michel Temer está dizendo que deseja uma “empresa rentável”, disse Alexandre Montes, analista da Lopes Filho & Associados Consultores de Investimentos. Temer assumiu no mês passado, quando a presidente Dilma Rousseff foi temporariamente afastada do cargo para enfrentar o julgamento do impeachment.

“O ex-presidente da Eletrobras foi nomeado por Dilma, que estava disposta a sacrificar a rentabilidade da empresa para construir projetos que ninguém quer e transformou a Eletrobras em um hospital para empresas problemáticas” , disse Montes, do Rio de Janeiro. “Ferreira Jr. é o oposto completo de tudo isso. A mudança de gestão é excelente para a Eletrobras”.

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