Em vez de roubarem clientes, startups se unem a grandes bancos

Por Noah Buhayar.

Mais de 200 bancos americanos estão descobrindo que nem todas as startups de tecnologia financeira estão interessadas em roubar seus clientes.

O Fundation, um banco on-line fundado em 2011, anunciou nesta terça-feira uma parceria com a BancAlliance, uma rede de bancos comunitários que abrange 40 estados americanos. O acordo tem duas partes: os bancos têm acesso a uma plataforma do Fundation que simplifica a subscrição de empréstimos a pequenas empresas. O Fundation, por sua vez, pode oferecer crédito a clientes que não se encaixam no critério de crédito dos bancos.

O acerto lembra o acordo fechado pela BancAlliance com o LendingClub no ano passado para ajudar bancos comunitários a oferecerem créditos pessoais aos seus clientes. Na ocasião, a parceria mostrou que o Vale do Silício estava começando a abordar as instituições tradicionais de forma mais amigável que os ataques aos bancos sugeridos por algumas startups.

Nos últimos anos, um número crescente de novos empreendimentos ganhou força dentro do ramo de serviços financeiros. Há sites agora nos quais os tomadores de empréstimos conseguem financiamento para pequenas empresas, procedimentos médicos programados, consolidação de cartões de crédito e créditos estudantis e até mesmo para abrir uma franquia de restaurante.

Em busca de parceiros

O Fundation tem usado um discurso amigável aos bancos, algo fundamental para sua estratégia. No ano passado, a startup fechou um acordo com a Regions Financial para compartilhar tecnologia e oferecer empréstimos a mutuários que o banco não atendia.

“Definitivamente não enfatizamos, como muitas empresas do nosso mercado, a tentativa de eliminar os bancos como intermediários”, disse o CEO do Fundation, Sam Graziano, em entrevista por telefone. “Queremos ser o principal parceiro do sistema bancário”.

Outras empresas estão buscando uma estratégia similar. O OnDeck Capital fechou um acordo com o JPMorgan Chase Co. no final do ano passado para acelerar os empréstimos a pequenas empresas. O banco on-line deu sequência a esse acerto, semanas depois, com um acordo de referência com o Commonwealth Bank of Australia, o maior do continente.

O apelo do último pacto do Fundation é simples, disse Brian Graham, CEO da Alliance Partners, gestora da rede da BancAlliance. A maioria dos bancos comunitários não tem recursos tecnológicos para viabilizar economicamente certos segmentos do crédito a pequenas empresas.

“Custa o mesmo para o banco subscrever um empréstimo de US$ 500.000 ou outro de US$ 5 milhões”, disse ele, em entrevista. “Nos empréstimos de menos de US$ 250.000 a maioria dos bancos perde dinheiro”.

Condições

Os principais produtos do Fundation são os empréstimos parcelados a taxa fixa. Por meio da parceria, os empréstimos terão um teto de US$ 1 milhão. As condições e taxas de juros específicas serão deixadas para os bancos parceiros, disse Graham. A instituição que subscreve uma dívida mantém os direitos de manutenção.

A parceria com o Fundation não substituirá a diligência devida normal dos bancos comunitários aos mutuários, disse Graham. Mas eliminará parte do “atrito” do processo.

“Não se trata de automatizar tudo”, disse Graham. “No caso das pequenas empresas, em particular, pode-se tomar US$ 500.000 emprestados sem precisar sequer conversar com alguém”.

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