Emergentes perderam bonde da era dos juros baixos, diz IIF

Por Colin Simpson.

Só damos valor a uma coisa depois de perdê-la.

Esta é a mensagem para os mercados emergentes, que perderam oportunidades oferecidas pelo período de taxas de juro globais historicamente baixas que, agora, parece estar chegando ao fim, avalia o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), uma organização não governamental que assessora bancos e hedge funds.

Em um relatório divulgado na quinta-feira — exatamente quando a ansiedade em torno da mudança rumo a um ciclo de aperto monetário realmente começou a causar impacto –, Robin Brooks e Jonathan Fortun, do IIF, disseram que os países em desenvolvimento não aproveitaram os baixos custos de financiamento para, de fato, elevar os investimentos.

“Taxas baixas deveriam ter sido uma bênção para mercados emergentes, permitindo que esses países investissem para aprofundar sua base de capital e reforçar a infraestrutura “, diz o relatório. “Portanto, a composição do crescimento deveria ter recebido um peso maior dos investimentos.”

A intensidade do investimento no crescimento em mercados em desenvolvimento, na verdade, diminuiu em quase todos os lugares, segundo o IIF. Em alguns casos, essa medida caiu enquanto a intensidade do consumo aumentou — uma fórmula menos favorável para o crescimento em um ambiente de normalização dos juros.

Em seu estudo, Brooks e Fortun compararam o período 2011-2016 com 2002-2007 — uma época de forte expansão econômica e taxas mais altas. Descobriram que a intensidade do consumo, definida como a contribuição do consumo para o crescimento dividida pelo crescimento geral, se tornou mais importante do que o investimento em muitas economias.

Na Ásia, o eixo da China voltado para uma economia mais guiada pelo consumo, deixando os antigos impulsores industriais, pode ter tido um impacto na região, influenciando um redirecionamento do investimento para o consumo na Índia, por exemplo.

Essa mudança pode ter “implicações importantes”, diz o IIF. Em março deste ano, a revisão trimestral do Banco de Compensações Internacionais destacou que a expansão impulsionada pelo consumo tende a ser significativamente mais fraca do que um crescimento apoiado em uma base mais abrangente.

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