Emirados Árabes importam mais açúcar; Brasil reduz exportações

Por Claudia Carpenter, com a colaboração de Isis Almeida.

Os Emirados Árabes Unidos, que possuem a maior refinaria de açúcar do mundo instalada em um porto, importaram no fim de 2015 a maior quantidade de açúcar bruto já registrada pouco antes de o Brasil e a Índia começarem a reduzir as exportações do produto.

Os Emirados Árabes Unidos receberam 943.000 toneladas de açúcar bruto no quarto trimestre, segundo dados de expedição compilados pela Platts Kingsman. É o maior volume registrado desde o início da série histórica de dados, no primeiro trimestre de 2006, e acima das 726.000 toneladas um ano antes, disse a empresa. No quarto trimestre do ano passado toda a oferta veio do Brasil, o maior exportador mundial, segundo a Kingsman.

“Segundo os dados que eu tenho, trata-se de uma alta recorde para um trimestre. Essa quantidade tão grande não é usual”, disse Claudiu Covrig, analista de açúcar da Platts Kingsman, por telefone, na terça-feira. “Você normalmente vê os Emirados Árabes Unidos comprando mais no quarto trimestre, mas esse volume foi muito grande”.

Os Emirados Árabes são o segundo maior importador de açúcar bruto do Oriente Médio, com um fluxo de entrada de 1,25 milhão de toneladas no atual ano comercial contra 1,4 milhão de toneladas do Irã e 600.000 toneladas da Arábia Saudita, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA. A Al Khaleej Sugar, que tem sede no porto de Jebel Ali, em Dubai, está entre as maiores refinarias de açúcar do mundo e diz ser a maior processadora instalada em um porto.

A Al Khaleej Sugar preferiu não comentar as importações dos Emirados Árabes. A planta iniciou a produção em julho de 1995 e tem capacidade de produzir mais de 2 milhões de toneladas de açúcar refinado por ano, com uma capacidade de armazenagem de 1,5 milhão de toneladas, segundo a empresa. A Al Khaleej e a Platts Kingsman estão planejando conferências do setor do açúcar em Dubai na semana que vem.

Os contratos futuros do açúcar bruto negociados em Nova York subiram 18 por cento nos últimos três meses de 2015 após atingirem o menor nível em sete anos em agosto. O açúcar branco negociado em Londres caiu menos de 1 por cento neste ano, enquanto o açúcar bruto teve um declínio de 8 por cento.

Os Emirados Árabes Unidos normalmente recebem a maior parte do açúcar bruto do Brasil e às vezes da Índia e da Tailândia, disse Covrig. No primeiro trimestre, as exportações de açúcar bruto provenientes do Centro-Sul do Brasil, que responde por cerca de 90 por cento da safra do país, ficarão 300.000 toneladas abaixo da estimativa anterior, de 3,2 milhões de toneladas, em parte devido à disponibilidade e à demanda mais baixas, disse ele.

Importações e exportações

As importações globais de açúcar vão superar as exportações até junho deste ano com a Índia avaliando mais rentável manter a produção no país, disse Covrig. As exportações de açúcar bruto da Índia serão de 200.000 toneladas neste ano até setembro, contra um total estimado anteriormente de 500.000 toneladas, disse ele. Isso vai ampliar o déficit comercial global de açúcar para 432.000 toneladas no primeiro trimestre e para 443.000 toneladas no segundo trimestre, disse ele. No mês passado, a Kingsman estimou o déficit comercial em 67.000 toneladas no primeiro trimestre e em 248.000 toneladas no segundo trimestre.

“Em termos de açúcar bruto, vemos um primeiro e um segundo trimestres de maior aperto para o mundo”, disse Covrig.

No Oriente Médio, o Irã tem a melhor chance de obter o açúcar bruto da Índia por causa de um acordo especial de energia entre os países, disse ele.

“Com a Índia reduzindo as exportações e possivelmente embarcando apenas para o Irã dentro do Oriente Médio, os demais países, como Arábia Saudita, Síria, Iêmen, Bahrein e Iraque, provavelmente terão que buscar outros fornecedores, como Brasil, Tailândia e Austrália”, disse Covrig.

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