Por Lyubov Pronina.
Os maiores organizadores de eurobonds para mercados emergentes estão se preparando para mais um ano de contração dos negócios.
O JPMorgan Chase, o terceiro maior organizador de bonds em euros e dólares neste ano, prevê que governos e empresas nos países em desenvolvimento cortarão a emissão em 9 por cento em 2016. O HSBC, líder do grupo por administrar 10 por cento das ofertas desde janeiro, diz que os preços abatidos das commodities e os conflitos geopolíticos vão dissuadir alguns tomadores de empréstimos, especialmente aqueles em países emergentes da Europa, Oriente Médio e África, de levantar fundos.
A perspectiva é uma má notícia para os gestores de negócios, que viram as vendas de eurobonds despencarem 29 por cento em 2015, para US$ 334 bilhões, o valor mais baixo em quatro anos, segundo dados do JPMorgan. Um número cada vez maior de tomadores de empréstimos no mundo em desenvolvimento está adiando projetos, sendo que a economia da China cresce ao ritmo mais lento em 25 anos, a Rússia e o Brasil enfrentam recessões, a África do Sul lida com os preços de commodities mais baixos desta década e as condições de segurança na Turquia se deterioram.
“Com esse tipo de pano de fundo, este ano iria ser um desafio”, disse Adil Kurt-Elli, chefe de mercados de capital de dívida do HSBC para a Europa Central e Oriental e a África Subsaariana, em entrevista por telefone de Londres. “Poucas coisas indicam que veremos um cenário diferente em 2016”.
Emissões
A queda da necessidade de financiamento dos governos vai ajudar a arrastar as emissões. O JPMorgan prevê que os resgates soberanos irão cair 38 por cento, para US$ 27 bilhões. Isso, por sua vez, poderia provocar uma queda de 22 por cento na emissão de mercados emergentes, para US$ 65 bilhões, prevê o banco.
Entre os emissores corporativos, as vendas vão enfraquecer mais na Ásia e na América Latina, ao passo que a área que abrange a Europa Central e Oriental, o Oriente Médio e a África Subsaariana poderia presenciar uma alta nas ofertas, disse Stefan Weiler, diretor de mercados de capital de dívida do JPMorgan para a região.
Como em 2016 a Turquia e a Polônia deixarão para trás o nervosismo eleitoral, as empresas têm margem para se concentrarem no refinanciamento da dívida existente e para reativarem planos de investimento, disse ele. As vendas de bonds denominados em euros e dólares da Polônia foram praticamente eliminadas nos últimos doze meses e as da Turquia caíram 70 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.
‘Ainda mais baixas’
Na Rússia, onde as sanções dos EUA e da Europa relacionadas ao conflito na Ucrânia bloquearam a maioria dos emissores dos mercados de capitais globais, as vendas de bonds despencaram 60 por cento no acumulado no ano.
A emissão de eurobonds de mercados emergentes caiu 27 por cento em 2015 e foi a mais baixa desde que tocou US$ 270 bilhões em 2011, segundo dados compilados pela Bloomberg.
O Brasil não vendeu nenhuma dívida soberana no exterior em 2015, a turbulência política empurrou os yields para valores recordes, mostram os dados, diante do processo de impeachment da presidente Dilma e o escândalo de corrupção na Petrobras.
“A menos que a Rússia, o Brasil e a Argentina resolvam seus problemas e façam grandes emissões, as vendas de eurobonds serão ainda menores que em 2015”, disse Marco Rujier, que supervisiona cerca de US$ 7 bilhões em dívidas de mercados emergentes na NN Investment Partners em Haia.
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