Empresa de biotecnologia estudará dados de pessoas centenárias

Por James Paton.

Uma empresa britânica de biotecnologia que espera estudar os dados genéticos dos habitantes de uma parte isolada da Sardenha — famosa pelo número extraordinário de pessoas que vivem mais de 100 anos — afirmou que superou um grande obstáculo legal no mês passado.

A Tiziana Life Sciences espera que a vitória lhe abra o caminho na Itália em sua busca por informações sobre o envelhecimento e uma série de distúrbios, como uma doença conhecida como síndrome do olho seco e um tipo de calvície. A companhia adquiriu no ano passado os dados de quase 13.000 moradores da Sardenha da empresa de pesquisa genômica Shardna, por 258.000 euros (US$ 290,000).

“Este é um momento decisivo”, disse Gabriele Cerrone, fundador da Tiziana. O potencial “tesouro escondido” poderia contribuir para o desenvolvimento de novos remédios e ajudar a definir como proceder com tratamentos que já estão sendo desenvolvidos, disse ele.

O projeto chega em um momento que empresas farmacêuticas e cientistas do mundo inteiro buscam informações genéticas que possam levar a novos tratamentos de ponta e tentam aproveitar a queda dos custos do sequenciamento genético. A Amgen, uma empresa de biotecnologia dos EUA, concordou em pagar US$ 415 milhões pela DeCode Genetics, com sede na Islândia, em 2012 para adquirir seu enorme banco de dados relativos à mais de metade da população adulta da Islândia.

Vitória no tribunal

No caso da Tiziana, um juiz italiano recusou no mês passado uma injunção da Autoridade de Proteção de Dados do país que ameaçava deter os planos da empresa e teria obrigado a companhia a pedir um novo consentimento dos moradores da ilha mediterrânea, segundo a empresa.

Um representante da autoridade italiana preferiu não comentar o caso porque ainda não havia sido informado da decisão. Uma vez que tenha sido notificada, a autoridade decidirá se vai emitir uma objeção ou tomar outras medidas.

A decisão do juiz significa que a companhia pode dar continuidade à pesquisa de variações genéticas responsáveis por doenças e estudar se elas poderiam conduzir a novos medicamentos — ou a testes para prever a probabilidade de desenvolver os distúrbios.

Os habitantes da Sardenha são famosos por sua longevidade. Lá, a probabilidade de chegar aos 100 anos é quase cinco vezes maior que nos EUA. Em Ogliastra, uma região da ilha, a taxa de longevidade só é inferior à de Okinawa, no Japão, de acordo com a Tiziana. No entanto, um fato que pode ser igualmente interessante é a prevalência de calvície, esclerose múltipla e síndrome do olho seco, que acomete pessoas que não conseguem produzir lágrimas suficientes, disse Cerrone.

Com os dados relativos à Sardenha, o objetivo não é “criar uma pílula mágica da longevidade — isso não vai acontecer”, mas saber mais sobre o que contribui para vidas longas e diversas condições médicas, de acordo com Cerrone, que também é o presidente do conselho da empresa com sede em Londres. Trata-se de um projeto de longo prazo que ainda poderá encontrar obstáculos e continua enfrentando a oposição local, disse ele.

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