Por Alex Morales.
As maiores associações empresariais britânicas estão pedindo ajuda ao Partido Trabalhista britânico, de oposição, para defender a imigração no momento em que o Reino Unido se prepara para deixar a União Europeia.
A Confederação da Indústria Britânica (CIB, na sigla em inglês) e a Câmara Britânica de Comércio (BCC) exortaram o Partido Trabalhista a pressionar a primeira-ministra Theresa May a garantir que os cidadãos da UE possam permanecer no país após o Brexit, segundo dois integrantes do partido com conhecimento das discussões. As empresas também desejam manter o acesso a trabalhadores com ou sem qualificação do continente europeu, disseram.
May foi acusada de transformar os trabalhadores da UE em moeda de troca nas iminentes negociações do Brexit ao se recusar a garantir o direito de eles morarem no Reino Unido a menos que haja um acordo recíproco para os britânicos que moram em outros países europeus. Ao mesmo tempo, a secretária de Estado para o Interior, Amber Rudd, sugeriu uma série de propostas para frear a imigração, provocando forte reação das empresas.
A postura linha-dura de May sobre a imigração ameaça manchar a reputação do Partido Conservador como o partido das empresas e dar uma causa comum ao Partido Trabalhista e às empresas. Isso pode ajudar a reduzir a divisão aberta quando o Partido Trabalhista se inclinou para a esquerda no espectro político com Ed Miliband e, atualmente, com Jeremy Corbyn.
“Trabalharemos com quem for, conversamos com políticos de todas as inclinações o tempo todo”, disse a BCC, em comunicado. Um porta-voz confirmou que a organização havia se reunido com integrantes do Partido Trabalhista e que existe “terreno comum” em relação a questões migratórias, como vistos estudantis e direitos dos cidadãos da UE.
“A CBI está comprometida a trabalhar com políticos de todos os partidos para tirar o melhor do Brexit”, disse o diretor para pessoas e capacidades da confederação, Neil Carberry, em comunicado.
Trabalhadores necessários
Setores como construção e hospedagem se tornaram dependentes dos trabalhadores estrangeiros quando a UE abriu as portas aos antigos países comunistas do Leste Europeu, em 2004. A migração líquida para o Reino Unido atualmente é de mais de 300.000 pessoas por ano.
Uma pesquisa da University College London apontou que as pessoas que se mudaram para o Reino Unido neste século contribuíram com 20 bilhões de libras (US$ 25 bilhões) para as finanças públicas entre 2001 e 2011 e o Escritório para Responsabilidade Orçamentária (OBR, na sigla em inglês) estimou na quarta-feira que a imigração menor, resultado do referendo do Brexit, aumentará os empréstimos do governo em 16 bilhões de libras nos próximos cinco anos.
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