Empresas chilenas esperam volta do bilionário com toque de Midas

Por Philip Sanders e Javiera Quiroga.

A comunidade empresarial do Chile está prendendo a respiração.

Tudo aponta para uma vitória do candidato favorito das corporações, o bilionário Sebastián Piñera, em dois turnos de votação para a presidência, a partir de 19 de novembro. Mesmo assim, as empresas ainda não decidiram investir.

Depois de quatro anos das reformas mais radicais em três décadas, executadas durante a presidência de Michelle Bachelet, que incluíram o aumento dos impostos corporativos e medidas para dar mais poder aos sindicatos, muitas empresas suspenderam investimentos, fecharam as escotilhas e ficaram à espera de águas mais tranquilas. Pró-mercado, Piñera oferece esse respiro. O manifesto dele promete bastante “aperfeiçoamento”, muitos ajustes e até mesmo o compromisso de reduzir os impostos corporativos, mas nenhuma reforma histórica.

“Os chilenos não estão acostumados a tantas mudanças, nem a mudanças tão grandes”, disse Kenneth Bunker, diretor do programa eleitoral da Universidade Central. “Foi um choque político para o país. A comunidade empresarial quer um pouco de tranquilidade.”

Uma vitória de Piñera representaria uma guinada mais à direita da América Latina, com a chegada de novos governos ao poder na Argentina, no Peru e no Brasil nos últimos dois anos. Assim como esses governos, ele promete uma eficiência maior, menos burocracia e um conjunto claro de regras para encorajar o investimento.

Os chilenos irão às urnas no primeiro turno da eleição, em 19 de novembro. Se nenhum candidato conseguir maioria, os dois candidatos líderes disputarão o segundo turno, em 17 de dezembro. A última pesquisa de opinião do Centro de Estudos Públicos mostrou Piñera com 44,4 por cento de apoio no primeiro turno, mais do que o dobro que qualquer outro candidato.

Otimismo renovado

O banco central estima que o investimento cairá 1,6 por cento neste ano, quarto declínio consecutivo, mas é fácil encontrar gente otimista em relação ao ano que vem.

A simples ideia da volta de Piñera para um segundo mandato ajudou a elevar o índice acionário de referência do país a uma alta recorde e reanimou o sentimento do consumidor e das empresas. O índice IPSA subiu 20 por cento desde que o bilionário anunciou oficialmente sua candidatura, em 21 de março.

Se chegar ao cargo, Piñera espera que esse “espírito animal”, segundo descrição do economista John Maynard Keynes, somado aos preços mais elevados do cobre, se traduza em investimentos. Afinal, ele já fez isso antes.

No início do primeiro mandato de Piñera, em março de 2010, o investimento crescia 1,3 por cento. Nove meses depois, estava crescendo a um ritmo anual de 21,4 por cento.

“As perspectivas melhores para 2018 levaram as empresas a avaliarem a realização de novos investimentos, mas a quantidade de investimentos em execução hoje é baixa”, afirmou o banco central neste mês, em pesquisa sobre o sentimento empresarial. “Em alguns casos” esses projetos de investimento dependem dos resultados eleitorais.

Piñera enfrenta outros sete candidatos, entre eles Alejandro Guillier, principal concorrente da aliança atual no governo, e Beatriz Sánchez, líder de uma coalizão de esquerda que nem sequer existia um ano atrás. Guillier se comprometeu a continuar as reformas do governo Bachelet e Sánchez prometeu ir além, introduzindo um imposto de royalties de 5 por cento ao setor de mineração.

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