Empresas têm pressa de fazer IPO, investidores nem tanto

Por Taís Fuoco.

A turbulência no cenário internacional que gerou uma onda vendedora global neste início de fevereiro, além da expectativa de aumento na taxa de juros e os fortes números do mercado de trabalho nos Estados Unidos, alteraram o humor dos investidores e podem mudar o cenário que se previa para o início deste ano sobre as ofertas inicias de ações na B3.

No final de 2017, a expectativa era de forte movimentação para IPOs no primeiro semestre deste ano para que as empresas pudessem aproveitar a janela de oportunidade antes que a corrida pelas eleições tornasse os mercados voláteis demais. Mas a realidade pode não ser bem essa.

“O conceito era válido em relação ao cenário de eleições e ainda é, mas o que não se esperava era que o mercado acionário global realizasse o rali que ocorreu em janeiro”, disse Pedro Galdi, analista de investimentos da Magliano Invest, em entrevista.

O fato de a Blau Farmacêutica ter adiado seu IPO em até 60 dias úteis pode ser um indicador de que o boom esperado para o início do ano não se concretize. “Creio que o rali de janeiro afugentou os investidores para operações de IPO”, disse Galdi.

“Não vejo menos apetite, mas maior seletividade”, disse Marcos Peixoto, chefe da unidade de Gestão da XP Investimentos. Para ele, diversas experiências com a safra de IPOs dos últimos anos não foram boas, poucas novatas conseguiram superar o desempenho do Ibovespa e os investidores estão pedindo mais prêmio antes de entrar.

De qualquer forma, o primeiro semestre ainda pode ser forte em IPOs, na opinião de Peixoto. “Se olharmos a entrada de estrangeiros em janeiro na bolsa, que foi quase igual à que tivemos em todo o ano de 2017, existe muito apetite por ações no país. Se tivermos boas histórias no preço adequado, devem ser bem-sucedidas.”

A B3 teve recorde histórico de R$ 9,55 bi em saldo de capital externo no mês de janeiro. Em 20 dos 21 pregões do mês, o número de compras por estrangeiros superou o de vendas, segundo dados da bolsa.

A bolsa continua a ser uma opção interessante e menos onerosa para um cenário de crescimento econômico interno, segundo Galdi, da Magliano. “Ok, os juros devem ficar baixos e lá fora a janela continua aberta para emissão de dívida externa, mas com certeza o mercado acionário vai continuar sendo uma das boas opções para captação de novos recursos.”

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