Pela primeira vez, países em desenvolvimento adicionaram mais capacidade de geração de energia limpa do que a partir de combustíveis fósseis, ultrapassando as nações desenvolvidas na corrida global por fontes ecológicas, de acordo com um estudo da BloombergNEF.
Projetos eólicos e solares foram responsáveis por pouco mais da metade dos 186GW em capacidade nova adicionada em nações emergentes no ano passado, de acordo com a pesquisa anual Climatescope, divulgada pela BNEF. Esses países instalaram mais geração a partir de fontes limpas do que economias desenvolvidas, aumentando a capacidade com zero emissão de carbono em 114GW. No caso dos países desenvolvidos, foram 63GW.
As conclusões refletem uma situação inversa à observada uma década atrás, quando as nações mais abastadas dominavam o investimento em energias renováveis e as instalações. Muitos países em desenvolvimento possuem recursos naturais abundantes e equipamentos de menor custo, tornando novos projetos de energia renovável mais baratos do que usinas movidas a combustíveis fósseis, segundo o relatório.
“Há poucos anos, alguns argumentavam que nações menos desenvolvidas não poderiam ou nem deveriam expandir a geração de energia por fontes zero carbono porque eram muito caras”, afirmou Dario Traum, gerente do projeto Climatescope na BNEF. “Hoje em dia, esses países lideram o movimento em termos de ativação, investimento, inovação de políticas públicas e redução de custos.”
Nos emergentes, o acréscimo de nova capacidade de geração à base de carvão em 2017 foi o menor desde pelo menos 2006. A capacidade por novas usinas movidas a carvão nesses países teve queda anual de 38 por cento para 48GW em 2017, ou aproximadamente metade do pico atingido em 2015, de acordo com a BNEF.
Para elaborar a pesquisa Climatescope, a BNEF avalia cada país em termos das condições do mercado de energia limpa e atribui notas a cada um, sendo que mais pontos são concedidos por investimentos, reformas que apoiam a energia limpa e abertura do país a investidores internacionais do que pela disponibilidade de indústria local. Desta vez, a pesquisa incluiu 103 países, contra 71 na edição anterior.
Outras conclusões importantes:
- Nas nações em desenvolvimento, o acréscimo de novas usinas de energia limpa foi 20% maior do que em 2016, mas recuou 0,4% nos países desenvolvidos no período.
- Mesmo com a queda contínua dos preços das tecnologias, o total de novas linhas de financiamento a tecnologias de energia limpa em mercados emergentes permaneceu praticamente inalterado em US$ 143 bilhões, após o recorde de US$ 178 bilhões em 2015.
- O Brasil se encontra em quarto lugar no ranking, apesar da queda em investimento em energia limpa e leilões cancelados.
- A geração efetiva por usinas movidas a carvão aumentou 4% nos países em desenvolvimento para 6,4 TWh.
- O Chile ultrapassou a China como líder do ranking graças a políticas públicas robustas, histórico comprovado de investimentos em energia limpa e compromisso com a redução das emissões de carbono apesar das restrições da rede.
- A Índia saltou do quinto para o segundo lugar graças a políticas públicas ambiciosas para energia limpa e leilões competitivos de energia renovável.
- A China caiu para o sétimo lugar devido a cortes de subsídios a usinas solares e outras restrições, mas ainda é o maior mercado de energia limpa.