Esqueça o downgrade, o Brasil já está sendo negociado como crédito “junk”

Por Paula Sambo e Julia Leite.

Para os negociadores de swaps, o Brasil já é um país com classificação junk. A nação sul-americana − em meio à recessão e ao escândalo − é agora mais arriscada do que nove países com graus especulativos da S&P, incluindo Croácia, Indonésia e Hungria, segundo negociações de Credit Default Swap (CDS).

A Moody’s rebaixou o Brasil para a beira de “junk”, na terça-feira. A decisão da empresa de atribuir uma perspectiva estável para o rating do Brasil, agora no nível mais baixo de grau de investimento, foi bem acolhida pelo mercado, que antecipava uma perspectiva negativa.

Enquanto a Moody’s diz que os níveis de dívida continuarão subindo para cerca de 70 por cento do produto interno bruto até o fim do mandato da presidente, uma taxa de câmbio flexível de Dilma Rousseff e a abundância das reservas significam que um corte abaixo do grau de investimento não é iminente.

“O balanço externo é gerenciável e a maior parte do déficit é equilibrada pelo investimento direto estrangeiro”, disse Mauro Leos, analista de dívida soberana do Brasil da Moody’s, de Nova York.
 

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Alguns investidores parecem mais pessimistas.

“O Brasil se destaca como uma ferida dolorida em termos de grau de risco percebido, e seu crédito deve se deteriorar ainda mais nos próximos meses por causa do grande número de vulnerabilidades internas e externas”, disse Nicholas Spiro, diretor-gerente da empresa de consultoria Spiro Sovereign Strategy, por e-mail, de Londres.

A S&P baixou o rating do Brasil para o grau mais baixo de investimento em março de 2014. Em 28 de julho, ela ficou um passo mais perto de cortar o rating do país para abaixo do grau de investimento, revendo sua perspectiva para o Brasil para negativa.
 

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O Ministério das Finanças reiterou, em 29 de julho, seu compromisso com medidas de austeridade fiscal e disse que iria procurar avaliar as despesas públicas obrigatórias a fim de reduzir os níveis de dívida total, de acordo com um comunicado enviado por e-mail em resposta à movimentação da S&P.

No entanto, a menos que a economia se recupere e a situação fiscal melhore, o governo espera um downgrade, de acordo com um funcionário da equipe econômica de Dilma Rousseff, que pediu para não ser identificado porque as discussões não são públicas. O timing da movimentação da S&P surpreendeu a administração e azedou o humor da equipe, disse o funcionário.

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