Por Vinícius Andrade e Patricia Lara.
O fluxo de recursos estrangeiros em ações na B3 deve registrar a maior entrada trimestral em um ano à medida que a disputa eleitoral se aproxima de um desfecho. O investidor estrangeiro colocou R$ 2,14 bilhões em ações brasileiras na semana passada, elevando o total no segundo semestre do ano para R$ 8,4 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.
No mercado de ações, que passa por momento de volatilidade, a melhora dos resultados das empresas e os preços descontados dos papéis acabam compensando as incertezas sobre o resultado da eleição de outubro e seu impacto no cenário fiscal. O Ibovespa subiu 3,1% neste ano, enquanto as ações emergentes caíram 9,6%.
As pesquisas eleitorais mostraram uma crescente probabilidade de um segundo turno entre os candidatos que têm visões opostas sobre como consertar a economia – Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
“É bastante interessante que os fluxos estejam em território positivo desde julho, considerando a incerteza do mercado global e local”, escreveu em relatório a estrategista Emy Shayo, do JPMorgan Chase.
As entradas também vêm de um início de ano negativo, quando os investidores estrangeiros retiraram quase R$ 10 bilhões do mercado local, e se diferenciam da movimentação vista no exterior: o maior ETF de ações brasileiras tem visto saídas desde julho.
Os estrangeiros também estão reduzindo suas apostas negativas na moeda nacional. As posições compradas em dólar caíram para cerca de US$ 32 bilhões, de US$ 40 bilhões no início do mês.
Os mercados estão voláteis antes da eleição, preocupados com o avanço da esquerda nas pesquisas. “O segundo turno parece estar chegando um pouco antes do esperado, e os candidatos já estão fazendo concessões ao centro”, disse Mariana Guarino, gerente de investimentos da corretora Truxt. “Isso ajuda a aliviar parte da pressão sobre os ativos brasileiros.”
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