Estratégias quantitativas da BlackRock amargam perda recorde

Por Sabrina Willmer.

Assim como outros titãs do universo dos grandes fundos, Laurence D. Fink apostou em máquinas para virar o jogo da seleção de ações na BlackRock.

Talvez isso tenha piorado a situação. As principais estratégias quantitativas aplicadas aos fundos de hedge da BlackRock – que usam modelos de computação para lidar com enormes quantidades de dados e identificar padrões – provavelmente registraram perdas em 2016, de acordo com um informe mensal enviado a clientes no final de dezembro.

Dos cinco fundos incluídos, quatro estavam a caminho de apresentar as piores taxas de retorno em registro, segundo dados compilados até novembro. Outra apresentação a investidores, abrangendo uma linha maior de fundos quantitativos, revelou que quase dois terços deles tiveram desempenho inferior.

Embora as estratégias quantitativas representem apenas uma fração do total de ativos administrados pela BlackRock, as perdas são uma derrota para Fink, que juntou esse grupo – que apresentou o melhor desempenho nos últimos anos – com a unidade de seleção de ações no começo do ano passado, com o objetivo de elevar as taxas de retorno e atrair clientes para produtos que cobram comissões maiores. A demanda por fundos negociados em bolsa (ETFs), com baixo custo, ajudou a BlackRock a manter sua posição como maior administradora de ativos do mundo, mas também provocou saques recordes dos fundos de gestão de perfil ativo dos EUA e corroeu a receita do segmento.

“A estratégia quantitativa é a chave para salvar o negócio de perfil ativo da BlackRock”, disse Kyle Sanders, analista da Edward Jones. “Esta é uma maneira de melhorar seu desempenho e diferenciá-los da manada. Infelizmente, ainda não entregaram.”

Ambições quantitativas

O porta-voz Ed Sweeney afirma que a BlackRock, sediada em Nova York, tem “uma das maiores e mais avançadas plataformas de análise quantitativa” e que sua equipe quantitativa “será componente importante no futuro da nossa franquia de renda variável ativa”.

Ele também ressaltou o histórico de longo prazo de desempenho superior da firma. Com base nos dados da BlackRock, as estratégias superaram 93 por cento de suas referências ou medianas para o grupo de pares nos últimos cinco anos (a firma não revela os grupos de pares ou referências que usa na comparação). As ações da própria BlackRock superaram as de outras gestoras de ativos de forma consistente, oferecendo retorno acima de 140 por cento nos últimos cinco anos.

Contudo, o esforço da BlackRock na seara quantitativa reflete muitas das pressões que abalam o setor de gestão de recursos. Custos elevados e retornos declinantes levaram investidores a rejeitar gestoras de perfil ativo em favor de ETFs.

Para enfrentar isso, muitos líderes partiram para estratégias definidas por computadores, incluindo lendas do mundo dos fundos de hedge, como Paul Tudor Jones e Ray Dalio, que entraram na onda quantitativa para impulsionar seu desempenho – e justificar as comissões salgadas.

Receita com comissões

Com US$ 282 bilhões, o negócio de renda variável de perfil ativo da BlackRock representa apenas uma pequena parte do total de US$ 5,1 trilhões administrado pela gigante. Mas ainda é importante para a BlackRock porque esses fundos cobram comissões bem maiores do que os ETFs. Por exemplo, o BlackRock Equity Dividend Fund, com US$ 21,7 bilhões, tem taxa de despesa de 0,69 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. É 17 vezes mais do que a taxa de apenas 0,04 por cento do iShares Core S&P 500 ETF, com US$ 92,1 bilhões.

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