Por Aleksandra Gjorgievska.
Os analistas de ações dos bancos europeus estão começando a aceitar a perspectiva de prejuízos agudos para as ações da região em 2016.
Os estrategistas que mantiveram as previsões praticamente intocadas nas semanas anteriores ao referendo do Brexit acabam de assumir a posição mais pessimista em 10 meses. Eles estimam que o Euro Stoxx 50 Index encerrará o ano pouco acima de onde estava no último fechamento, o que implica um declínio anual de 9,2 por cento, contra previsões de queda de 3,3 por cento em junho. Isso equivale ao corte mais agudo nas previsões mensais desde outubro.
Enquanto as ações caíram após o referendo do Brexit, os analistas reduziram suas projeções ainda mais rapidamente, sinalizando pouco espaço para uma recuperação no restante do ano. As consequências da decisão do Reino Unido, em referendo, de deixar a União Europeia são o fator mais recente de uma série de ameaças que assolam as ações da zona do euro. Os temores em relação à desaceleração do crescimento econômico e à força do setor bancário, especialmente na Itália, derrubaram o Euro Stoxx 50 nos dois primeiros trimestres, ao mesmo tempo em que o Banco Central Europeu manteve medidas de estímulos sem precedentes.
“O Brexit foi a gota que transbordou o copo”, disse Michael Hewson, analista de mercado da CMC Markets em Londres. “As pessoas agora estão focando no próximo dominó — e o próximo dominó é a Itália. Os problemas da Europa começam e terminam com a saúde do setor bancário — não é apenas o elefante na sala, é o elefante, o rinoceronte e o T. Rex, todos juntos”.
Os temores em relação à estabilidade dos bancos e aos créditos em atraso na Itália surgem após a surpreendente decisão britânica de se separar da UE, em referendo realizado no mês passado, derrubar as ações ao redor do mundo. As ações internacionais se recuperaram, mas o Euro Stoxx 50 continua 3,7 por cento abaixo do nível do dia do referendo. Os estrategistas que, assim como os investidores, foram incapazes de computar este cenário antes do referendo, agora estão correndo para recuperar o atraso.
A perspectiva deles para o Euro Stoxx 50 piorou desde o início do ano, quando projetaram ganhos de mais de 10 por cento. Na média, eles agora projetam que o indicador encerrará o ano a um nível de 2.967. Embora 1,4 por cento acima do fechamento de ontem, esse patamar representaria o primeiro declínio anual desde a queda de 17 por cento do indicador em 2011. O índice subia 1,4 por cento às 11h08 em Londres.
Os bancos, que já possuem as ações mais atingidas entre os grupos setoriais neste ano, deverão registrar uma queda de 17 por cento nos lucros neste ano, contra um declínio de 4 por cento do Stoxx Europe 600 Index amplo, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Itália está tentando reforçar seu sistema bancário, abalado pelos créditos em atraso, sem violar as regras da UE, e o primeiro-ministro Matteo Renzi planeja realizar um referendo para reformular o sistema político no quarto trimestre.
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