Estreia dos futuros de bitcoin provoca tensão em Wall Street

Por Dakin Campbell, Sonali Basak e Laura J. Keller.

A bitcoin estreia em Wall Street neste domingo. Alguns executivos dos maiores bancos do mundo não terão sono tranquilo durante o fim de semana.

Faltam poucos dias para a Cboe Global Markets lançar contratos futuros da moeda digital. Muitos bancos ainda não decidiram se vão ou não oferecer esses instrumentos aos clientes e, em caso positivo, como lidar com a novidade. Alguns executivos e traders entrevistados pela reportagem relatam que suas áreas estão empolgadas para começar. Mas a maioria deles transmitiu preocupação e listou perguntas sem resposta. A oscilação violenta do preço da bitcoin nesta semana faz com que o novo mercado pareça ainda mais perigoso.

Todos os entrevistados – de meia dúzia de instituições de peso – pediram anonimato, alguns até temendo não contrariar o que seus chefes declararam em público. Outros afirmam que ainda é cedo para ter uma posição. Resumimos a seguir algumas das principais considerações desses profissionais:

Armadilhas de reputação

Alguns líderes do setor financeiro passaram meses criticando a bitcoin em público – falaram que “é uma fraude”, “a própria definição de bolha” ou um “índice para lavagem de dinheiro” – e sabe-se lá o que disseram a portas fechadas.

Qual é a imagem que passarão se ajudarem os clientes a colocar dinheiro em aplicações que implodem? E o que esses comentários internos podem causar se forem revelados em processos jurídicos?

Qual é a mesa de negociação?

Os entusiastas afirmam que bitcoin é uma moeda. A Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) e o Goldman Sachs Group afirmam que é uma commodity. Sendo assim, o mais lógico seria a mesa de câmbio ou commodities cuidar dos novos contratos. No entanto, um executivo aponta que as mesas de negociação de ações estão mais acostumadas a lidar com essa matemática, uma vez que a bitcoin se comporta como uma ação volátil e, até certo ponto, os contratos futuros se comportam como opções que acompanham ações.

Volatilidade violenta

Quando os preços dos ativos estão firmes, o processo de formação de mercado é relativamente direto. Os bancos ajudam um cliente a comprar ou vender um ativo e depois levam algum tempo para encontrar outro cliente que queira assumir a posição oposta. Mas abitcoin é radioativa. Seu valor flutua dramaticamente em questão de minutos e não há modelo estabelecido para contabilizar a bitcoin no balanço patrimonial. Portanto, os bancos tentarão juntar as partes interessadas. Pode ser difícil. Segundo alguns traders, muitos clientes só têm interesse em tomar posições vendidas, apostando na queda da moeda digital. E sem posições compradas, pode ser caro e difícil montar as operações.

Perigos na compensação

Uma carta elaborada pela Associação da Indústria de Futuros nesta semana afirma que a Cboe e a CME Group estão introduzindo contratos com pressa no mercado de futuros, sem considerar adequadamente os riscos. A associação, formada por algumas das maiores corretoras de
derivativos do mundo, expressou preocupação com a extrema volatilidade da moeda digital, que poderia provocar inadimplência, prejudicando organizações que fazem a liquidação dos contratos.

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