EUA e Iraque interrompem aumento da oferta de petróleo em 2016

Por Grant Smith e Julian Lee.

Para entender o que o colapso do preço do petróleo significará para as ofertas internacionais de petróleo no ano que vem, não é preciso ir muito além dos dois países que adicionaram mais barris aos mercados mundiais em 2015.

Os EUA e o Iraque, cujo petróleo extra deste ano equivale a cerca de 80 por cento do excedente global, não conseguirão aumentar sua produção em 2016, segundo os principais analistas internacionais. Embora a redução dos EUA se deva em grande parte ao fato de os preços estarem baixos demais para impulsionar uma nova oferta, a capacidade do país do Oriente Médio de ampliar a produção está sendo prejudicada pela necessidade de financiar sua batalha contra o Estado Islâmico.

A desaceleração da produção nos dois produtores de crescimento mais rápido sinaliza que o excedente global, que tem empurrado os preços do petróleo para perto de US$ 40 por barril, pode começar a se dissipar no ano que vem, segundo o Barclays Plc. Isso começaria a cumprir o plano da Arábia Saudita de reequilibrar os mercados mundiais de petróleo, mas as dificuldades do Iraque mostram que os países produtores da Opep também estão sofrendo com a estratégia colocada em prática.

“Os EUA e o Iraque têm sido dois dos maiores colaboradores do excesso global do petróleo e quando olhamos para 2016, vemos que a produção de ambos terá desafios”, disse Torbjoern Kjus, analista da DNB ASA em Oslo, por e-mail. “A aceleração das taxas de declínio e a redução dos investimentos levarão a uma queda na produção dos EUA e é improvável que o Iraque registre muito crescimento em relação aos níveis atuais”.

Os dois países atualmente estão bombeando o equivalente a 4,88 bilhões de barris por ano, um incremento de 1,77 bilhão de barris, ou quase 60 por cento, na comparação com suas taxas de produção do início de 2012. Colocando no contexto, os estoques de petróleo dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico aumentaram em 314 milhões de barris, ou 12 por cento, no período correspondente.

A produção do xisto dos EUA, que impulsionou um período de expansão de seis anos na produção de petróleo do país, cairá em 600.000 barris por dia no ano que vem, segundo a Agência Internacional de Energia. A oferta total de petróleo dos EUA deverá aumentar em 830.000 barris por dia neste ano, impulsionada pelas formações de xisto do Texas e de Dakota do Norte.

Estado Islâmico

A produção iraquiana “provavelmente permanecerá praticamente estável” no ano que vem porque o país-membro da Opep “está tendo de lidar com o estresse do barril de petróleo a US$ 50 e com uma custosa batalha” com os militantes do Estado Islâmico, disse a AIE em um relatório, em 13 de novembro. Bagdá está se esforçando também para reembolsar as empresas petrolíferas internacionais pelos investimentos nos campos do sul. A BP Plc reduziu seu orçamento para as operações deste ano em 60 por cento, para US$ 1 bilhão. Como os preços do petróleo caíram pela metade, o Iraque tem tido que pagar duas vezes o montante de petróleo às empresas estrangeiras que recebem tarifas por barril na forma de cargas.

No norte, a região semiautônoma do Curdistão está tendo dificuldades para pagar seus parceiros em meio a uma disputa orçamentária com Bagdá. A DNO ASA, operadora norueguesa do campo Tawke, e a Gulf Keystone, que opera o Shaikan, disseram que seus planos estão em espera até que recebam os pagamentos atrasados do governo para produção. O governo regional do Curdistão começou a realizar transferências mensais regulares às empresas em setembro, embora a DNO diga que está recebendo apenas metade do que lhe é devido pelas exportações mensais e nada para reduzir o acúmulo de pagamentos atrasados.

Com os aumentos da produção em risco, “há sinais de que o excesso de oferta diminuirá”, disse Kevin Norrish, diretor-gerente para pesquisa de commodities do Barclays em Londres.

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