Euro vai se valorizar em 2016 com ou sem Brexit, segundo Mizuho

Por Chikako Mogi e Hiroko Komiya.

O euro vai se valorizar neste ano, independentemente de como o Reino Unido votar no referendo desta quinta-feira sobre sua participação na União Europeia, de acordo com um dos analistas mais precisos sobre comportamento da moeda.

Um superávit recorde em conta-corrente e o aumento dos yields das notas ajustados à inflação vão limitar qualquer queda da moeda comum a US$ 1,10, disse Daisuke Karakama, economista-chefe de mercados do Mizuho Bank em Tóquio. Depois, esses mesmos motores levarão o euro rumo a US$ 1,15 até o final do ano se as taxas de juros dos EUA não forem alteradas, disse ele. O Mizuho foi um dos dois analistas com maior exatidão sobre comportamento do euro em cada um dos últimos três trimestres.

“As projeções de uma queda do euro por notícias ruins circulam desde 2009, mas nunca acertam porque se baseiam em argumentos emocionais”, disse Karakama em uma entrevista na terça-feira. “Os mercados estão ficando sem motivos para vender o euro porque todos os países, até mesmo a Grécia, têm superávits em conta-corrente agora. Não existe nenhum risco iminente de colapso ou de crise”.

O euro subiu 0,3 por cento, para US$ 1,1334, até às 8h46 desta quinta-feira em Londres e se valorizou 4,3 por cento neste ano. A moeda subiu quase 8 por cento em relação ao valor mais baixo em oito meses, US$ 1,0524, registrado em dezembro.

Superávit recorde

O atual superávit em conta-corrente da zona do euro atingiu o recorde de 36,2 bilhões de euros (US$ 41 bilhões) em abril, em comparação com o déficit de 1,46 bilhão no fim de 2010, de acordo com dados do Banco Central Europeu. Os yields ajustados à inflação da nota alemã com vencimento em 10 anos subiram para -0,78 por cento, em contraste com o piso recorde de -0,925 por cento em maio. O yield da Itália subiu do valor mais baixo da história, 0,21 por cento registrado em dezembro, para 0,56 por cento.

Karakama, que trabalhou para a Comissão Europeia entre 2007 e 2008, disse que o euro já teria se valorizado por causa da melhoria de seus fundamentos se o BCE não tivesse introduzido um estímulo monetário sem precedentes. A paridade do poder aquisitivo sugere que a moeda está cerca de 17 por cento abaixo de seu valor, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

“A pressão de alta exercida pelos fundamentos foi contida durante os últimos dois anos pela política monetária do BCE, mas esse poder está enfraquecendo”, disse ele.

O euro caiu mais de 20 por cento depois que o presidente do BCE, Mario Draghi, implementou as taxas de juros negativas em junho de 2014 até o valor mais baixo em 12 anos no mês de março seguinte. A moeda foi negociada em uma faixa de cerca de US$ 1,05 a US$ 1,15 desde então, e essa faixa se estreitou ainda mais neste ano à medida que o referendo sobre a Brexit se aproximava

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