Cofundadora do banco digital fala dos próximos passos do banco em entrevista à EXAME Invest; ela será a única brasileira em evento da Bloomberg com líderes globais da nova economia
A pandemia do novo coronavírus acelerou a transformação digital do setor financeiro no país, a tal ponto que o fenômeno se tornou um case global. Não por acaso, essa será a principal contribuição do Brasil no evento global “Bloomberg New Economy Catalysts”, na próxima quarta-feira, 30 de junho, com líderes da nova economia.
Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, atual CEO do banco digital no país e colunista da EXAME, será a única representante brasileira no evento promovido pela empresas de informações e serviços financeiros.
“É interessante ter um espaço rico para discutir como o último ano acelerou a digitalização dos serviços em todos os segmentos, incluindo os financeiros”, disse Junqueira à EXAME Invest em entrevista por e-mail.
Entre os convidados da primeira edição também estão nomes como o alemão Daniel Metzler, CEO e cofundador da Isar Aerospace, que faz o desenvolvimento de foguetes da próxima geração para acesso sustentável ao espaço; a americana Sara Spangelo, CEO e cofundadora da Swarm, que montou uma rede de comunicações via satélite de baixo custo que atinge regiões remotas; e o nigeriano Abasi Ene-Obong, CEO e fundador da 54gene, o primeiro biobanco pan-africano do mundo.
Serão 27 líderes da nova economia, entre inovadores e empreend
edores, selecionados de todas as regiões do mundo, de países desenvolvidos, em desenvolvimento e pobres. A nova comunidade terá como objetivo discutir ações para atacar os principais desafios em busca de um mundo mais inclusivo e sustentável.
“Os catalisadores formam um grupo de talentosos empreendedores, cientistas, formuladores de políticas e outros líderes que enfrentam desafios globais urgentes”, disse Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York e fundador da Bloomberg LP e da Bloomberg Philanthropies. “Muitos deles são de países que estão tendo um impacto cada vez maior na economia mundial. E sei que nosso fórum se beneficiará com as contribuições deles.”
Na entrevista à EXAME Invest, Cristina Junqueira falou das contribuições que pretende dar nas discussões com outros líderes globais, revisitou o impacto — na sua avaliação — do Nubank para o sistema financeiro doméstico ao longo dos últimos anos e falou dos próximos passos do banco.
No início deste mês, o Nubank foi avaliado em 30 bilhões de dólares depois de duas extensões de sua rodada anunciada no início do ano, com a entrada da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, no capital da instituição.
Veja abaixo a entrevista com Cristina Junqueira sobre a sua participação no evento:
Quais são os principais desafios da nova economia na sua avaliação?
A pandemia acelerou algumas transformações, como a digitalização do uso de serviços financeiros. Perder horas em uma fila para ser atendido em uma agência bancária, muitas vezes para resolver problemas simples, já era algo ultrapassado e desnecessário. Com o distanciamento social, esse tipo de prática comum nos bancos tradicionais se tornou impensável.
Para o Nubank, em que o modelo de negócios é baseado em inovação digital, a missão continua a mesma: oferecer os produtos mais convenientes e práticos possível e a melhor experiência para os clientes. É isso que nos fez chegar onde estamos hoje: numa fase de amadurecimento, em que nos consolidamos como o maior banco digital independente do mundo, com mais de 40 milhões de clientes.
Qual o papel que líderes empresariais – e as próprias grandes companhias – devem cumprir no debate público e no campo de ações para enfrentar esses desafios?
Vou dar o exemplo do que fazemos no Nubank. Um de nossos principais valores é a transparência com nossos clientes em tudo que fazemos. Queremos livrar mais e mais latino-americanos e brasileiros da burocracia, da falta de transparência, da cobrança de tarifas abusivas e do atendimento deficiente nos bancos tradicionais.
O Nubank acaba de atingir a marca de 40 milhões de clientes em três dos maiores mercados da América Latina. Quais os próximos passos?
Vamos continuar evoluindo nossa oferta de produtos atuais e oferecendo soluções inovadoras, como o cartão com garantias e o projeto “reinventando o cartão de crédito”, que foram criados para permitir que cada vez mais brasileiros tenham acesso a crédito de forma descomplicada.
O Brasil — e a América Latina como um todo — é repleto de oportunidades, ainda mais quando vemos que cerca de 50 milhões de brasileiros ainda estão desbancarizados. Com o Nubank, queremos ajudar nesse tipo de inclusão financeira também, o que é positivo para a economia. O uso de serviços digitais deve crescer cada vez mais, alavancado pela mudança de hábitos do último ano.
Olhando para trás, quais foram as principais contribuições do Nubank para o impacto e a inovação no setor financeiro no Brasil?
O Nubank nasceu para facilitar a vida das pessoas e temos orgulho do que já realizamos até aqui, sabendo que ainda há muito para inovar daqui para frente. Destaco que, quando chegamos ao mercado, o termo “fintech” ainda nem existia praticamente, e hoje já são centenas de empresas no setor propondo uma abordagem baseada em tecnologia para serviços financeiros.
Nessa trajetória de oito anos, desenvolvemos um atendimento super eficiente e focado no cliente e oferecemos um aplicativo super prático, conveniente e sem tarifas. Para ter uma ideia, 20% dos nossos clientes nunca tinham tido cartão de crédito na vida. Temos um reconhecimento enorme nesse sentido que nos traz muita satisfação, pois colocamos o cliente em primeiro lugar quando ninguém mais fazia isso.
Por fim, esse tipo de impacto que tivemos mudou o mercado e vem mudando o cenário de inovação e empreendedorismo na América Latina como um todo. Abrimos os olhos de investidores globais sobre o potencial da região em tecnologia, não só no setor financeiro, e hoje é um dos locais mais interessantes para observar a quantidade de aportes e também de unicórnios.
Quais as contribuições que você pretende levar para o evento?
Será um prazer compartilhar um pouco da nossa missão no Nubank de democratizar os serviços financeiros para milhões de clientes na América Latina. É interessante ter um espaço rico como o New Economy Catalyst para discutir como o último ano acelerou a digitalização dos serviços em todos os segmentos, incluindo o de serviços financeiros.
Hoje, as pessoas passaram a fazer mais compras online, pagamentos pela internet e a popularização do Pix acentuou ainda mais essa mudança de comportamento. Ficamos muito felizes em ver que, com produtos práticos e convenientes e atendimento de excelência, temos criado impacto positivo na vida das pessoas, mesmo durante esse momento desafiador e de mudanças de hábitos.