Por Julian Lee e Grant Smith.
A Opep afirma que está perto de fechar um acordo para reduzir a produção de petróleo pela primeira vez desde 2008, medida que pode interromper dois anos e meio de queda de preço. As ações individuais dos estados-membros contam uma história diferente. Confira uma análise sobre as perspectivas para o fechamento de acordo antes da reunião de 30 de novembro da Opep:
Matemática não é problema
A matemática simples que respalda os cortes parecia sólida nas reuniões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo em junho e dezembro. Na época os preços estavam muito abaixo dos pontos de equilíbrio fiscal da maioria dos membros. Um corte de produção agora de 1,5 milhão de barris por dia, ou 5 por cento, precisaria elevar o preço do barril do petróleo em apenas US$ 2,50 para que os países da Opep, coletivamente, ficassem em melhor condição. Um aumento de US$ 5 no preço aumentaria o valor do que eles bombeiam em cerca de US$ 100 milhões por dia.
Eles não realizaram esses cortes. Por quê? Porque a Arábia Saudita estabeleceu a política de defender sua própria participação no mercado global e de exercer pressão sobre produtoras de alto custo de outras partes, particularmente sobre a ascendente produção das formações de xisto dos EUA. Os sauditas, que são os maiores exportadores do mundo, insistiram que não combateriam o excedente global sozinhos.
‘Quatro pilares’
Em uma reunião extraordinária da Opep em Argel, em 28 de setembro, o grupo formado por 14 países concordou, em princípio, com cortes de produção que deverão ser ratificados em Viena, em 30 de novembro. A Opep sugeriu limitar a produção a um total entre 32,5 milhões e 33 milhões de barris por dia. A produção do grupo em outubro foi de cerca de 33,6 milhões de barris por dia, segundo seu mais recente relatório mensal sobre o mercado de petróleo.
A primeira e mais importante pergunta que surgiu da reunião de Argel foi se a abordagem da Arábia Saudita havia realmente mudado e, em caso afirmativo, até que ponto. O que se sabe agora é que o reino quer que a política da Opep seja construída sobre quatro pilares: a ação precisa ser coletiva, equitativa, transparente e convincente para o mercado.
Resumidamente, significa que a Arábia Saudita pensa que o Iraque deve cortar e que o Irã precisa congelar suas produções de petróleo. Os dois países são o segundo e o terceiro maiores produtores da Opep e os principais motores do crescimento da oferta do grupo.
O Iraque inicialmente rejeitou o padrão proposto pela Opep para redução da produção, postura que mostrou sinais de relaxamento na sexta-feira. O país apresenta um conjunto de números para a produção, mas a Opep publica um segundo conjunto. Como o segundo conjunto seria usado como ponto de partida — e esses números secundários são mais baixos do que os que o Iraque divulga –, o Iraque teria que se comprometer mais do que o país acredita ser justificado. A correção convincente da questão continua sendo um obstáculo. O ministro do Petróleo do Iraque, Jabbar Al-Luaibi, disse na sexta-feira que estava otimista em relação a um acordo, sem entrar em detalhes.
Em janeiro, o Irã deixou para trás as sanções internacionais relacionadas ao seu programa nuclear. A aceitação de restrições relacionadas à Opep e lideradas pela Arábia Saudita poderia ser uma decisão desafiadora domesticamente. O Irã afirmou que não aceitará limites.
Isso significa que o acordo não é certo, segundo Helima Croft, estrategista-chefe de commodities do RBC Capital Markets em Nova York.
“Há uma chance em quatro de o acordo não sair, com base no fato de que os iranianos são muito agressivos em suas negociações — e de que podem deixar os sauditas falando sozinhos”, disse ela em entrevista por telefone. “Isso é perigoso.”
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