Expansão de parques eólicos offshore esbarra no governo Trump

Por Joe Ryan e Jennifer A. Dlouhy.

Empresas de energia eólica offshore passaram anos tentando convencer os céticos de que o futuro da energia nos EUA precisa incluir gigantescas turbinas no mar. Essa tarefa ficou bem mais difícil com a eleição de Donald Trump.

O presidente – que defende os combustíveis fósseis e considera a mudança climática uma enganação – caçoou dos parques eólicos, declarando que são feios, caros e matam pássaros. A pior crítica foi reservada a um projeto offshore de 11 turbinas nas proximidades do resort de golfe dele na Escócia, que Trump considerou “monstruoso”.

Companhias que tentam construir esses projetos nos EUA, como Dong Energy e Statoil, desejam mudar a opinião de Trump. Elas vão argumentar que a instalação de turbinas com mais de 100 metros de altura ao longo da costa do Atlântico ajudará o presidente a entregar a promessa de campanha de criar milhares de empregos, a impulsionar a indústria doméstica e a restaurar a independência energética do país.

Interesses em jogo

O esforço para conquistar o governo Trump ocorre em um momento em que a energia eólica offshore tem mais chances de sucesso na América do Norte, após uma década de arrancadas frustradas, dado que os custos estão desabando.

A Deepwater Wind concluiu seu primeiro projeto em águas americanas em agosto. Em setembro, o governo do ex-presidente Barack Obama delineou planos para relaxar restrições regulatórias e outras medidas para incentivar o desenvolvimento privado de turbinas para gerar 86.000 megawatts até 2050 — o equivalente a 86 reatores nucleares.

Uma porta-voz da Casa Branca não retornou solicitações de comentário da reportagem.

Há muito em jogo. Dong, Statoil, Deepwater e outras companhias asseguraram no total 11 contratos para construção de parques eólicos no mar. Para avançar, precisam de licenças de diversas agências e, em alguns casos, de dinheiro federal para renovação de portos. Por exemplo, o parque eólico da Deepwater de 30 megawatts no litoral do Estado de Rhode Island se beneficiou de US$ 22,3 milhões do Departamento de Transporte para reformar píeres e terminais usados como área de montagem.

Argumentos

Instalar turbinas no mar exige anos de planejamento e Trump pode estar fora da Casa Branca até algumas dessas empresas precisarem de aprovações do governo federal. Enquanto isso, os governos estaduais continuam sendo os principais vetores do desenvolvimento de energias renováveis porque podem obrigar distribuidoras de eletricidade a obter determinada parcela da energia do vento ou outras fontes.

Ainda assim, as companhias de projetos offshore precisam de um tanto de cooperação de Washington para garantir que um setor que engatinha continue avançando. “Elas não querem perder o progresso que tiveram”, disse Frank Maisano, especialista em energia da firma de lobby Bracewell.

Para conquistar o apoio do governo Trump, essas empresas terão de mudar argumentos — desistindo das questões de mudança climática e acabando com a ideia de que a energia eólica offshore é uma relíquia ambiental do governo Obama, disse Timothy Fox, analista da ClearView Energy Partners. Talvez ajude o fato de duas das maiores companhias do ramo — Dong e Statoil – terem tradição na exploração de petróleo e gás em águas profundas.

A mensagem delas vai se concentrar na geração de empregos. Erguer turbinas de 183 metros de altura ao longo da costa leste do país pode impulsionar o mercado de trabalho em cidades portuárias que passam por dificuldades, desde a Carolina do Sul até o Maine. Segundo cálculos do Laboratório Nacional de Energia Renovável, serão gerados 31.000 empregos somente na região do Meio Atlântico (Estados costeiros da Virgínia até Nova York).

E se o setor se expandir, fabricantes de turbinas como Vestas Wind Systems e Siemens já avisaram que podem abrir fábricas nos EUA.

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