Por Suzanne Woolley.
No mundo de Dan Ariely, pequenas mudanças podem ter um impacto muito grande.
O especialista em economia comportamental e professor da Faculdade de Administração Fuqua, da Universidade Duke, é o mestre dos ajustes comportamentais. Suas habilidades, e as dos outros pesquisadores e especialistas em campos que vão das políticas públicas ao design de produtos, são colocadas em prática em seu Common Cents Lab, existente há um ano. O laboratório de pesquisa sobre decisões financeiras define sua missão como “Modelar o comportamento humano de uma vez por todas”.
O primeiro relatório anual do laboratório conta histórias de colaborações com empresas de tecnologia financeira, como os aplicativos de poupança Digit e Qapital, e a companhia de acesso a dados Plaid, com cooperativas de crédito no Alasca e com organizações sem fins lucrativos, como a plataforma de empréstimos Kiva U.S. O objetivo é usar conhecimentos sobre o comportamento para melhorar o bem-estar financeiro de cidadãos americanos com renda baixa a moderada. Mas muitos comportamentos que são alvos desse laboratório, e as soluções encontradas, se aplicam a pessoas de qualquer segmento de renda.
“A indústria da tentação está cada vez mais aperfeiçoada”, disse Ariely, em uma entrevista. “A tecnologia luta do nosso lado porque é muito mais fácil nos tentar a fazer coisas por nossas emoções do que por nossa razão.” O laboratório dele cria formas de intervir sutilmente em transações financeiras para dar à razão uma chance nessa luta.
Mensagens de texto + restituição de imposto = poupança
A equipe de Ariely fez um experimento para aumentar a quantidade de dinheiro da restituição de imposto que os usuários do Digit economizam. Esse aplicativo se comunica com os usuários principalmente através de mensagens de texto. Os usuários vinculam suas contas ao Digit, e o algoritmo analisa os padrões de gastos e economias. Isso lhe permite definir quando transferir pequenas quantias da conta para a poupança quando o usuário não sentirá falta desse dinheiro.
Em um experimento, enviou-se a um grupo-controle de usuários uma mensagem simples depois que uma restituição caiu na conta para perguntar quanto eles gostariam de economizar. A resposta: uma média de 10 por cento. O grupo experimental recebeu uma mensagem antes que a restituição chegasse. O texto informava que os usuários poderiam receber uma restituição de imposto e perguntava qual porcentagem desse dinheiro eles gostariam de economizar. A resposta: 15 por cento.
“Comprometer-se previamente é uma ferramenta que ajuda as pessoas a ater-se a suas decisões”, escreveu Kristen Berman, que dirige a equipe de São Francisco do laboratório. “Em vez de confiar em que seremos pessoas ótimas, tornamos mais difícil para nós mesmos pisar na bola no futuro.”
Os programas de economias automatizadas também eliminam uma dose de tentação. “Todos nós, quando consultamos nosso extrato e vemos que temos muito dinheiro na conta, nos sentimos ricos e gastamos demais”, disse Ariely. “Se o saldo parece pouco, gastamos menos.”
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