Por Pratish Narayanan com a colaboração de Serene Cheong, Sharon Cho e Ovais Subhani.
O barril de petróleo pode voltar a cair para menos de US$ 60 porque o rápido aumento das exportações dos EUA para a Ásia ameaça minar o acordo da Opep com seus aliados, segundo o ING Groep.
Apesar de o grupo de países produtores ter cumprido a promessa de limitar a produção e reduzir o excedente em 2017, a produção americana, que está abocanhando uma fatia maior do valioso mercado asiático, pode levar alguns países a ampliarem a oferta, disse Warren Patterson, estrategista de commodities do banco holandês. O resultado é que os preços do petróleo podem cair após um rali de mais de 40 por cento desde junho, disse.
“Quanto mais extenso o acordo, maior a chance de desmoronar”, disse Patterson em entrevista em Cingapura, em referência ao acordo de redução da produção fechado entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros produtores, como a Rússia. “Eles continuam entregando participação de mercado aos EUA.”
O ING prevê o Brent em US$ 57 no segundo semestre de 2018. Os preços chegaram a mais de US$ 115 em meados de 2014, antes de o excedente global provocar o maior colapso em uma geração. O barril de West Texas Intermediate, referência dos EUA, atualmente está perto de US$ 62.
A recuperação do petróleo desde o ano passado está estimulando as empresas americanas de perfuração a bombearem ainda mais em meio aos esforços para disciplinar os gastos, disse Patterson. “Precisamos ver os preços nos negócios de curto prazo abaixo de US$ 60 para que haja uma redução desse incentivo para os produtores dos EUA”, disse.
Com a continuidade da expansão da produção americana mais exportações irão para a Ásia, tradicional bastião dos produtores do Oriente Médio. Em fevereiro até mesmo a petroleira estatal da Arábia Saudita avaliava a possibilidade de participar dessas exportações por meio de uma unidade americana, mas acabou decidindo na época que a operação não era economicamente viável.
Projeções otimistas
A perspectiva do ING difere das projeções otimistas de Royal Bank of Canada, Goldman Sachs, BMI Research e Société Générale, que veem suporte aos preços porque a forte demanda absorverá a oferta dos EUA. Embora veja um consumo de petróleo saudável, Patterson disse que o crescimento pode diminuir e não absorver completamente a crescente produção americana.
Os EUA atualmente bombeiam mais de 10 milhões de barris por dia, ultrapassando um recorde de 1970, mas essa expansão é acompanhada pelo aumento das exportações, o que ajuda a limpar os estoques no maior centro de armazenagem do país. As exportações atingiram média de cerca de 1,5 milhão de barris nos últimos seis meses, quase o dobro do nível dos seis meses anteriores, mostram dados da Administração de Informação de Energia dos EUA. A Ásia é a maior compradora dessa oferta.
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