Por Solape Renner e Tope Alake.
A Nigéria, maior exportadora de petróleo da África, pode estar prestes a recorrer à luz do sol para gerar uma fatia maior de sua energia.
Em Abuja, a capital do país, os senadores atualmente debatem a alocação de US$ 30 milhões para projetos solares no orçamento deste ano, segundo a Associação de Energia Renovável da Nigéria (Rean, na sigla em inglês). A expectativa é que ofereçam financiamento a projetos solares fora da rede, à fabricação fotovoltaica e a atualizações da transmissão, segundo o secretário executivo da Rean, Godwin Aigbokhan. A decisão deles é esperada para este mês.
“Isso dá uma ideia de como o governo vê a energia solar como parte da matriz energética total”, disse Aigbokhan, em entrevista por telefone, de Lagos. O país poderia receber cerca de US$ 2,5 bilhões em investimentos em projetos solares em escala industrial até 2018, disse ele.
Apenas quatro meses após anunciar o plano de emitir títulos verdes para projetos de energia renovável, a Nigéria, que é a maior economia da África Ocidental, agora debate se poderia entregar energia limpa a uma parcela maior de seus 180 milhões de habitantes. O país faz parte de uma lista crescente de membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que inclui a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que estão ampliando o uso de energia verde.
As autoridades nigerianas dizem que querem gerar até 1.200 megawatts de energia solar fora da rede. As famílias e as pequenas empresas da Nigéria atualmente gastam cerca de US$ 21,8 bilhões por ano alimentando geradores a diesel para a geração de eletricidade, segundo estudo da agência de desenvolvimento alemã GIZ.
“A onipresença dos pequenos geradores a diesel usados para suprir lacunas na energia fornecida pela rede já transforma os painéis solares, que reduzem os custos com combustível, em opções econômicas”, disse Itamar Orlandi, chefe de pesquisa de energia de fronteira da Bloomberg New Energy Finance.
Aumento do interesse
A Nigéria afirmou que deseja ampliar a contribuição das energias renováveis em sua matriz energética para 23 por cento até 2025, contra 13 por cento em 2015. O interesse na energia solar já aumentou, com a importação de mais de US$ 50 milhões em painéis fotovoltaicos chineses nos últimos dois anos, segundo a BNEF.
Em janeiro, a Niger Delta Power Company assinou contrato com a Azuri Technologies para oferecer sistemas de energia para 20.000 famílias rurais que não têm acesso à rede elétrica. O vice-presidente nigeriano, Yemi Osinbajo, disse que o acordo ressalta o compromisso do governo de oferecer acesso à eletricidade.
As autoridades nigerianas, que já privatizaram ativos de energia estatais em 2015, continuam formulando incentivos para investidores em energia solar em escala industrial, segundo Aigbokhan, da Rean.
“Há contratos de opção put-call em vigor e garantias parciais de risco, então o que deveria impedir um investidor estrangeiro de vir para a Nigéria?”, disse.
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