Faber recomenda compra de ouro e vê 'QE4'nos EUA pós-Brexit

Por Ranjeetha Pakiam e Yvonne Man.

A defesa do investimento em ouro ganhou força com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia porque as consequências poderão estimular os bancos centrais do mundo a ampliarem a flexibilização, prejudicando as moedas e beneficiando o ouro, segundo Marc Faber, editor do boletim Gloom, Boom & Doom Report.

O Federal Reserve poderá até mesmo embarcar em uma quarta rodada de flexibilização quantitativa, ou QE4, disse Faber em entrevista à Bloomberg TV nesta quarta-feira, acrescentando que ele normalmente compra ouro todos os meses. Embora também goste das ações do setor, segundo ele os papéis precisam primeiro de uma correção após os ganhos recentes.

O ouro subiu após o referendo do Reino Unido, na semana passada, porque os investidores estão buscando refúgio para a turbulência financeira e contemplam as possíveis implicações, incluindo medidas adicionais dos bancos centrais na Europa, nos EUA e na Ásia. As posições em produtos negociados em bolsa lastreados pelo ouro atingiram o nível mais elevado desde setembro de 2013 após bancos como o Goldman Sachs ampliarem suas projeções para os preços.

‘Imprimirão mais dinheiro’

“Se o Brexit for usado como desculpa, os bancos centrais imprimirão mais dinheiro, o QE4 estará a caminho nos EUA e a depreciação do poder de compra das moedas continuará”, disse Faber em entrevista, de Hong Kong. “Em uma situação assim você quer ter algum ouro”.

O lingote para entrega imediata chegou a subir 0,7 por cento, para US$ 1.321,55 a onça, e era negociado a US$ 1.321,24 às 13h57 em Cingapura, segundo a precificação genérica da Bloomberg. Imediatamente após o referendo, na sexta-feira os preços subiram para US$ 1.358,54, nível mais elevado em mais de dois anos.

O ouro avançou 25 por cento neste ano porque o Banco Central Europeu e o Banco do Japão adotaram juros negativos para impulsionar o crescimento e o Fed fez uma pausa após seu primeiro aumento desde 2006, em dezembro passado. O banco central dos EUA empreendeu três rodadas de flexibilização quantitativa a partir de 2008 para superar o impacto da crise financeira global.

Novos obstáculos

O diretor do Fed Jerome Powell disse na terça-feira que o referendo tem o potencial de criar novos obstáculos para as economias, incluindo a dos EUA, ao introduzir incertezas que podem justificar a reavaliação da política monetária. Atualmente, os traders veem uma probabilidade maior do banco reduzir os juros nas próximas reuniões do que de elevá-los.

As visões de Faber se somam a um coro otimista em relação aos lingotes de ouro após o referendo. O metal pode estar no início de um grande bull market se o Brexit revelar-se precursor de uma maior instabilidade política e financeira em todo o mundo, disse Jake Klein, da Evolution Mining, na terça-feira.

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