Falta de clareza do Brexit deixa empresas britânicas ‘no limite’

Por Alex Morales

As empresas do Reino Unido estão “no limite” por causa da falta de clareza em relação ao Brexit e estão desacelerando seus investimentos enquanto aguardam respostas a perguntas fundamentais sobre a separação entre o Reino Unido e a União Europeia, afirmou um dos principais grupos de pressão empresarial do país.

A confiança das empresas e as intenções de investimento continuarão piorando enquanto a primeira-ministra Theresa May não acabar com as rixas no seu gabinete e proporcionar “clareza urgente sobre questões práticas e detalhadas que sustentam o comércio”, afirmou a British Chambers of Commerce (BCC). O governo tem feito “progressos limitados” em apenas dois dos 23 assuntos em que as empresas pedem clareza, que vão desde acordos de roaming de telefonia celular a tarifas alfandegárias e impostos, afirmou o grupo.

“O prazo para que o Reino Unido saia da UE está acabando, e a paciência das empresas está quase no limite”, disse o diretor-geral da BCC, Adam Marshall, nesta terça-feira, em comunicado. “Faltando menos de nove meses para o dia do Brexit, avançamos pouco para chegar a respostas de que as empresas precisam desde o dia seguinte do referendo.”

Esta advertência é o mais recente sinal de que as empresas britânicas não estão mais dispostas a dar tempo a May para que ela resolva as divergências em seu Partido Conservador, dividido em relação ao Brexit. Mais de dois anos depois do referendo do Brexit, ela ainda não apresentou um plano detalhado para o futuro relacionamento do país com a UE porque não consegue chegar a um consenso entre seus ministros.

‘Inextricavelmente vinculados’
Na manhã desta terça-feira, o Professional Services and Business Council, que representa grupos como advogados, contadores e consultores, expressou publicamente sua opinião com uma carta dirigida a May na qual pediu um acordo que permitisse a seus membros continuar trabalhando em toda a UE como fazem atualmente, com liberdade de circulação e reconhecimento mútuo de qualificações. O grupo alertou contra a tentativa de fazer acordos separados para os serviços e a fabricação, setores que descreveu como “inextricavelmente vinculados”.

No mês passado, a Airbus e a BMW advertiram que poderiam retirar investimentos do Reino Unido. Elas foram as primeiras grandes empresas a explicitar todas as consequências da falta de clareza sobre o Brexit. O ministro da Saúde, Jeremy Hunt, revidou afirmando que a advertência da Airbus foi “completamente inadequada”, e Boris Johnson, ministro das Relações Exteriores e defensor do Brexit, disse “as empresas que se f****”, conforme citado pela imprensa britânica.

A BCC fez uma lista com 23 áreas nas quais quer clareza. Ela afirmou que houve progressos “limitados” em duas delas: o acesso que as empresas terão à força de trabalho da UE no futuro e os padrões industriais. No restante, o grupo encontrou pouco ou nenhum progresso.

Entre os assuntos pendentes estão a possibilidade de transferir funcionários através das fronteiras, o acesso que empresas e projetos britânicos terão ao Banco Europeu de Investimento e ao programa de financiamento da ciência Horizonte 2020, acordos tributários, regras de origem, tarifas, inspeções alfandegárias e a fronteira com a Irlanda.

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