Falta de infraestrutura limita energia renovável na Argentina

Por Vanessa Dezem e Jonathan Gilbert.

O próximo leilão de energia renovável da Argentina terá metade do tamanho do realizado no ano passado porque um gargalo de infraestrutura desacelera a viabilidade de aumentar a capacidade.

O governo vai leiloar 1,2 gigawatt de energia renovável, principalmente de projetos eólicos e solares, e não precisa de muito mais capacidade por enquanto, disse o ministro da Energia Juan José Aranguren. A Argentina também planeja conceder contratos para oito projetos novos de linhas de transmissão no fim do ano para acompanhar a expansão da energia não poluente. Um gigawatt pode abastecer pelo menos 750.000 casas nos EUA.

“Não precisamos leiloar toda a capacidade de energias renováveis agora”, disse Aranguren em entrevista a Alix Steel da Bloomberg Television na semana passada. “Teremos, ao mesmo tempo, leilões de linha de transmissão para resolver os gargalos. Além disso, se leiloarmos 10 gigawatts hoje, eu teria que casá-los com o preço. E os preços das tecnologias vão melhorar.”

O leilão de energia renovável está marcado para 29 de novembro e pode gerar cerca de US$ 2 bilhões em investimentos, de acordo com Juan Bosch, presidente da empresa de comércio de energia Saesa. As duas rodadas anteriores de um programa de leilões destinado a promover renováveis receberam 2,4 gigawatts de capacidade nova e os compromissos totais atingiram cerca de US$ 4 bilhões.

A Argentina enfrenta uma infraestrutura de transmissão limitada que afeta áreas com boas fontes de energia eólica e solar. O país precisará adicionar 5.000 quilômetros de linhas de transmissão nos próximos três anos para acompanhar a capacidade de expansão.

“A Argentina tem preços mais elevados para as energias renováveis quando se compara com outros países da América Latina”, afirmou Ana Verena Lima, analista da Bloomberg New Energy Finance em São Paulo. “O país ainda é visto como um lugar de risco e os investidores exigem maiores retornos para investir lá.”

Detalhes do leilão

Energia eólica: contrato máximo de US$ 56,25 por megawatt-hora, abaixo da média de US$ 59 por megawatt-hora da primeira rodada no ano passado.

Solar: contrato máximo de US$ 57,04 por megawatt-hora, abaixo da média de US$ 60 por megawatt-hora da primeira rodada no ano passado.

Contratos de 20 anos para vender energia de projetos de energia planejados, sendo que as instalações necessárias devem estar prontas dois anos após o leilão.

O prazo para enviar propostas é 19 de outubro.

O leilão está marcado para novembro.

As metas são: 550 megawatts de eólica; 450 megawatts de solar; 100 megawatts de biomassa; 50 megawatts de hidrelétrica de pequeno porte; 35 megawatts de biogás; e 15 megawatts de biogás de aterro sanitário.

O governo criou um mecanismo de garantia de empréstimos que reduz o risco do projeto. O governo também providenciou subsídios tarifários e contribuições de capital, além de uma garantia adicional do Banco Mundial.

Mais de 60 por cento da energia da Argentina vem de combustíveis fósseis, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance. O país estabeleceu o objetivo de aumentar o consumo de energia limpa, de 1 por cento atualmente para 8 por cento até o fim de 2017 e para 20 por cento até 2025.

“Vamos ver muitos lances”, disse Bosch. “Existem muitos projetos desenvolvidos prontos para ir a leilão, de grandes players nacionais e internacionais.”

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