Fantasma do xisto assombra Opep com previsão de alta em 2017

Por Grant Smith e Alex Longley.

Após fechar o maior acordo do mercado de petróleo em uma década, a Opep enfrenta um novo desafio em 2017: elevar os preços sem estimular o xisto.

A primeira expansão do xisto gerou um excedente global de oferta que começou a fazer os preços caírem em meados de 2014 e foi amplificada em novembro daquele ano pela estratégia da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de produzir a todo vapor para manter o domínio do mercado. Durante a queda que se seguiu, os preços em Nova York passaram de mais de US$ 100 por barril para US$ 26,05 em fevereiro, pressionando os orçamentos das companhias e também dos países.

Agora, a Opep tem um novo plano para 2017: reduzir a produção, elevar os preços e explorar melhor o recurso natural mais significativo do mundo. Com os cortes, os preços poderiam ficar em uma média de US$ 58 o barril, segundo a mediana de estimativas de 24 analistas compiladas pela Bloomberg. Esse ganho de 29 por cento sobre a média deste ano ajudará os membros da Opep, mas também poderá estimular as produtoras dos EUA a adicionarem sondas.

“A Opep está mirando uma alta muito necessária do preço do petróleo, considerando os balanços fiscais apertados de todos os países produtores”, disse Ed Morse, chefe de pesquisa de commodities do Citigroup. “A pergunta realmente deveria ser o que vem a seguir — com que velocidade o xisto dos EUA retornará?”

A 8,8 milhões de barris por dia, os EUA já estão bombeando quase tanto petróleo quanto dois anos atrás, com apenas um terço das sondas que operava no pico, mostram dados da Baker Hughes e da Administração de Informação de Energia dos EUA. Desde maio, as empresas de exploração adicionaram cerca de 200 sondas, tirando vantagem da alta dos preços enquanto circulavam especulações sobre um corte na oferta da Opep.

Com a queda das receitas com petróleo da Opep de US$ 956 bilhões em 2014 para US$ 518 bilhões no ano passado, o grupo pode ter tido poucas alternativas em relação aos cortes. Até mesmo a Arábia Saudita, a maior produtora do grupo, acabou queimando bilhões em reservas, cortando salários do serviço público e recorrendo aos mercados de títulos de dívidas para reduzir o déficit do orçamento.

Os analistas que preveem que o Brent ficará em uma média de US$ 58 o barril no ano que vem estimam US$ 53 no primeiro trimestre e US$ 56 no segundo. O West Texas Intermediate ficará cerca de US$ 1,40 mais barato do que o Brent em 2017, mostram as estimativas.

Nem mesmo com o petróleo a US$ 58 seriam eliminados os déficits orçamentários de oito membros da Opep avaliados recentemente pelo Fundo Monetário Internacional. Para eliminar seus déficits, o petróleo precisaria ficar em uma média de pelo menos US$ 62 em 2017, segundo o FMI.

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