Farmacêuticas driblam críticas com preços mais baixos

Por Caroline Chen.

Duas das maiores empresas farmacêuticas do mundo fizeram algo incomum na semana passada quando anunciaram a introdução de remédios inovadores: baixaram os preços.

Isso parece estranho, e é. Normalmente, os laboratórios lançam os medicamentos novos com preços mais altos do que os dos concorrentes com o argumento que os novos tratamentos custam mais porque são mais eficazes ou têm menos efeitos colaterais. O resultado é uma espiral ascendente na tabela de preços nos EUA.

A Sanofi e a Regeneron Pharmaceuticals disseram que seu novo tratamento para dermatite atópica, um problema de pele debilitante e doloroso, custará US$ 37.000 por ano. Isso é substancialmente menos do que os US$ 50.000 por ano de medicamentos semelhantes mais antigos e as farmacêuticas afirmaram que tinham tido longas conversas com as seguradoras para evitar outro problema relacionado a preços de medicamentos.

Nesse mesmo dia, a Roche Holdings fez o mesmo – fixou o preço de um novo remédio para esclerose múltipla em US$ 65.000, 25 por cento mais barato que o de um concorrente de 15 anos, o Rebif, da Merck.

Os preços mais baixos surgem em um momento em que as farmacêuticas vêm sofrendo dois anos de críticas tanto do público quanto dos políticos relacionadas aos preços dos medicamentos nos EUA. Os preços dos remédios também se tornaram cada vez mais complexos, com descontos grandes e pouco transparentes e descontos para compensar o rápido aumento dos preços iniciais.

“Nós acreditamos que a Sanofi, a Regeneron e os contribuintes talvez estejam avançando para estabelecer um novo paradigma”, disse o CEO da Regeneron, Leonard Schleifer, a investidores e analistas em uma teleconferência na noite da terça-feira. “Mas isso ainda não acabou.”

Nos últimos dois anos, as seguradoras e os administradores de benefícios farmacêuticos mostraram seu poder, forçando guerras de preços ou restringindo o acesso apenas aos pacientes mais doentes. Eles também ajudaram a avivar as chamas políticas: o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou fazer o governo intervir nos custos dos remédios. Oferecer um preço mais baixo poderia ajudar a evitar essa política tóxica.

Ao mesmo tempo, os laboratórios estão ansiosos para serem recompensados pelos custos de pesquisa e desenvolvimento. A Regeneron trabalhou no remédio para a dermatite atópica, Dupixent, durante 20 anos, e gastou bilhões de dólares em testes, segundo o presidente George Yancopoulos. Ele disse que US$ 37.000 é um “preço justo e razoável que oferece um retorno justo”.

As farmacêuticas estão acordando para uma nova realidade, disse Roger Longman, máximo executivo da empresa de análise de dados Real Endpoints, enfocada em como precificar medicamentos.

“Antigamente era possível convencer o médico de que um medicamento era um pouco melhor do que o outro, então ele o receitava, sem importar o preço”, disse Longman. “Agora, os que tomam as decisões são os que pagam: as seguradoras, os empregadores.”

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