Fed deve anunciar redução do balanço em setembro, diz pesquisa

Por Christopher Condon e Catarina Saraiva.

O banco central dos EUA vai revelar em setembro o momento da redução de seu balanço patrimonial e aguardar até dezembro para elevar os juros novamente, segundo pesquisa realizada pela Bloomberg junto a 41 economistas.

Os resultados da pesquisa, conduzida entre 18 e 20 de julho, mostram que, desde o questionário similar de junho, os economistas ficaram mais preocupados com a recente desaceleração da inflação. Ainda assim, dois terços dos participantes afirmaram que o Federal Reserve não vai alterar a linguagem do próximo comunicado de política monetária para enfatizar essa questão. O comitê de política monetária (Federal Open Market Committee ou FOMC) se reúne nos dias 25 e 26 de julho em Washington.

“Embora os dados fracos de inflação tenham levantado algumas preocupações neste sentido, isso é amplamente temporário”, afirmou Parul Jain, estrategista-chefe de investimentos da Macrofin Analytics, em comentários anexados às respostas à pesquisa.

A presidente do Fed, Janet Yellen, disse a parlamentares em 13 de julho que os riscos à inflação têm “dois lados”, minimizando a importância dos índices baixos recentes ao caracterizá-los como movimentos “transitórios” em setores específicos da economia. Ainda assim, ela acrescentou que “talvez mais coisas estejam acontecendo e estamos acompanhando a inflação com muito cuidado à luz dos resultados baixos”.

Esta declaração foi feita antes da divulgação do último relatório mostrando outro mês de inflação contida. O núcleo do índice de preços ao consumidor, que exclui alimentos e energia, subiu apenas 1,7 por cento nos 12 meses até junho, vindo de 2,3 por cento em janeiro.

A lentidão da inflação — apesar da queda consistente da taxa de desemprego para o menor nível em quase 16 anos — atrapalha a perspectiva do Fed. As autoridades projetam que a inflação voltará para a meta de 2 por cento, que, de modo geral, não é atingida há cinco anos.

A última pesquisa da Bloomberg reflete essa questão persistente: 36 por cento dos participantes entendem que os riscos ao crescimento e à inflação pendem para baixo, comparado a parcelas de 30 por cento na pesquisa de junho e 13 por cento na de março. Os riscos foram considerados equilibrados por 44 por cento dos participantes da última sondagem.

Essa visão talvez explique porque eles agora preveem que a próxima alta na taxa básica de juros acontecerá em dezembro — e não em setembro, como apontava a pesquisa de junho. E mesmo para isso se concretizar, os economistas afirmam que a métrica preferida de inflação do Fed precisa subir, na média, 0,1 por cento ao mês no curto prazo. Nos três meses até maio, a média ficou em 0,02 por cento.

Os economistas continuam esperando que o pico da taxa básica de juros neste ciclo seja de 3 por cento. O patamar atual varia de 1 por cento a 1,25 por cento, após três acréscimos desde dezembro. Segundo projeções trimestrais atualizadas em junho, as autoridades pretendem anunciar outro aumento antes do fim do ano.

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