Por Christopher Condon e Catarina Saraiva.
Há um ano, o Federal Reserve foi obrigado a recuar diante de sua projeção anterior de quatro aumentos da taxa de juros em 2016. Neste ano, todos estão concordando com a visão do Fed.
Uma pesquisa realizada pela Bloomberg com 45 economistas nos dias 7 e 8 de março teve como resultado uma mediana de estimativas de três aumentos de um quarto de ponto em 2017, projetados para março, junho e dezembro. O resultado contrasta com os dois aumentos previstos pelos participantes em uma pesquisa realizada em fevereiro e agora coincide com a mediana do número de aumentos projetados pelas autoridades do Fed em dezembro.
Os investidores também elevaram suas perspectivas recentemente. A probabilidade de três ou mais elevações neste ano, implícita na precificação de contratos dos Fed funds, aumentou mais de 50 por cento pela primeira vez no dia 1º de março.
“O Fed está feliz com sua situação”, disse Thomas Costerg, economista sênior para os EUA do Standard Chartered Bank. “Finalmente parece que o Fed e Wall Street estão alinhados. Esta notícia é boa porque significa que a volatilidade pode continuar baixa. Não há necessidade de alterar as expectativas de mercado.”
Dados positivos
As mudanças chegam após um fluxo constante de dados econômicos positivos e de uma série de comentários das autoridades do banco central dos EUA. A presidente Janet Yellen coroou uma semana de discursos hawkish do Fed com uma declaração no dia 3 março em que disse que um aumento “provavelmente seria adequado” na reunião dos dias 14 e 15 de março caso a economia continue encaminhada. As autoridades também apresentarão novas previsões e projeções de taxas na reunião de março do Comitê Federal de Mercado Aberto.
A pesquisa da Bloomberg também revelou que os economistas elevaram a média de suas projeções para a taxa federal de juros no fim de 2018 e de 2019 em um quarto de ponto, coincidindo também com as expectativas do Fed.
Os economistas disseram que projetam que o limite superior da taxa de referência neste ciclo de ajuste registre um pico em 3 por cento no segundo trimestre de 2019.
Como parte da mudança de opinião entre os economistas, aumenta o receio de que o crescimento econômico e a inflação possam subir mais que o esperado, e 55 por cento disseram que os riscos agora se inclinam mais para uma alta. Apenas 13 por cento consideraram os riscos de queda mais graves, e um terço dos participantes concordou com a avaliação do Fed de que os riscos estão mais ou menos equilibrados.
Possível choque
Os economistas também qualificaram um possível choque externo na economia e um endurecimento abrupto das condições financeiras como situações mais arriscadas que o fantasma de uma inflação excessiva causada pela redução do desemprego ou por uma política fiscal expansiva.
Em relação às políticas potenciais do presidente Donald Trump, 62 por cento dos participantes disseram esperar que o impacto econômico líquido dos programas governamentais — incluindo gestão fiscal, comércio, imigração, saúde e outros — seja positivo. Vinte e três por cento projetam um impacto negativo, e 15 por cento, um efeito neutro.
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