Por Patrick Clark.
Você vai se mudar para Manhattan? Tem um anúncio de um apartamento de três quartos em um edifício com porteiro no East Village que oferece mais de 83 metros quadrados por apenas US$ 3.384. Seria uma pechincha, se o tapete com estampa pied-de-poule e o quadro estilo surfista que aparecem nas fotos não fossem tão parecidos com a decoração vista em um anúncio de uma unidade de um quarto que fica do outro lado do rio, no Brooklyn.
Este tipo de coisa é bastante comum no agitado mundo imobiliário de Nova York, onde a demanda supera a oferta de unidades e onde há mais corretores de aluguéis que possíveis clientes — mas uma nova safra de startups de tecnologia pretende aliviar as dores da busca por um apartamento.
Nesse engodo excessivamente comum, o primeiro passo para um corretor é publicar um anúncio fictício que parece (e é) bom demais para ser verdade. O seguinte é informar a quem procura um ninho que o apartamento anunciado (falso) acabou de ser alugado e oferecer-lhe uma visita guiada por apartamentos que são menores, ou mais caros, e mais distantes.
“É assim que as corretoras de aluguéis operam”, disse Ori Goldman, um dos fundadores da Loftey, startup criada há um ano que promete economizar dinheiro para os inquilinos quando eles se mudam. Essa tática, disse Goldman, é comum em uma cidade onde cerca de 30.000 corretores — muitos de meio período — competem para ajudar inquilinos a assinar cerca de 5.000 contratos de aluguel a cada mês. “O único modo que eles conhecem de obter clientes é com uma isca enganosa”.
Por mais detestável que seja, classificar os anúncios falsos é apenas o começo da provação para os inquilinos, que muitas vezes passeiam pelos apartamentos de outras pessoas em horários estranhos do dia em uma corrida de alta pressão contra o vencimento de seus próprios contratos de aluguel. No fim da caça, mais uma injúria: pagar ao corretor, que em Nova York geralmente recebe 15 por cento do aluguel anual do apartamento. Isso se traduz em uma tarifa de corretagem média de US$ 5.600, de acordo com Julia Ramsey, CEO da Joinery, outra startup que lida com as dores de procurar apartamento.
Ramsey fundou a Joinery no ano passado com Vianney Brandicourt, ex-colega dela no Google, para aplicar certo idealismo da economia do compartilhamento a fim de aliviar o ônus da tarifa de corretagem. A ideia é oferecer ferramentas tecnológicas aos inquilinos para que eles possam encontrar seus próprios substitutos: quando estão se preparando para se mudar, eles publicam um anúncio do apartamento no site da Joinery, onde outras pessoas que buscam apartamentos podem vê-lo, marcar visitas e preencher os formulários de candidatura. Quando o processo funciona, o primeiro inquilino recebe uma tarifa máxima de 5 por cento; a Joinery fica com uma fatia menor. O proprietário terá então um inquilino aprovado, e o novo inquilino economiza milhares em tarifas.
Nova York é um terreno fértil para startups que tentam derrubar o setor imobiliário. (Existem também startups que ambicionam atender aos EUA inteiros, como Apartment List, RadPad e Zumper; elas tendem a se concentrar na publicação de anúncios e no processamento de pagamentos digitais). Além da Joinery, empresas como a Flip Lease e a Padspin oferecem plataformas que ajudam os inquilinos a eliminar a intermediação de corretores nas transações imobiliárias.
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