Por Gerson Freitas Jr.
O mercado de celulose deve seguir aquecido pelos próximos anos, sustentado pela forte demanda da China em meio à falta de novas unidades de produção, segundo uma das maiores produtoras do mundo.
“Os fundamentos para os próximos três anos são muito fortes”, afirmou Marcelo Castelli, diretor presidente da Fibria, em entrevista, na terça-feira, na sede da Bloomberg em Nova York. “A Ásia como um todo, especialmente a China, está crescendo.”
A Fibria é a maior produtora mundial de celulose de eucalipto, exportada para América do Norte, Europa e Ásia para a fabricação de papeis para impressão e de uso higiênico. A demanda pela commodity mostra uma estabilidade típica nos mercados desenvolvidos, mas está em forte expansão na Ásia devido ao crescimento da renda na região.
Os esforços da China para conter a poluição, restringindo o uso de aparas de papel e reciclados e fechando plantas industriais mais antigas e sujas, deverá gerar mais demanda pela fibra virgem da Fibria e um mercado mais apertado no geral. Em todo o mundo, os fabricantes de celulose precisarão expandir sua capacidade anual em cerca de 6 milhões de toneladas nos próximos quatro anos para acompanhar o aumento da demanda, disse Castelli.
Na visão da Fibria, o setor terá dificuldades para enfrentar esse desafio. Depois de adicionar quase 13 milhões de toneladas em novas capacidades desde 2013 — incluindo o projeto Horizonte 2, da companhia brasileira — a indústria não anunciou nenhuma grande projeto de expansão. Por isso, nenhuma fábrica entrará em operação pelo menos até 2020, segundo o executivo.
Nem todos são tão otimistas. Os analistas do Banco Santander e do Credit Suisse rebaixaram suas recomendações para a Fibria na semana passada. As instituições preveem uma queda nos preços da celulose, que subiram mais de 40% neste ano em meio a uma série de problemas que restringiram temporariamente a oferta.
Contudo, o cenário atual deixa a Fibria em posição confortável, com um fluxo de caixa crescente e espaço para reduzir dívidas rapidamente. A empresa pretende usar parte de sua geração de caixa adicional para remunerar os acionistas e para financiar uma nova expansão, disse o diretor financeiro Guilherme Cavalcanti na entrevista. A empresa já estuda um novo projeto de expansão em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, ao mesmo tempo em que procura oportunidades de consolidação.
Neste ano, a Fibria falou abertamente sobre seu apetite por aquisições, tendo manifestando interesse pela Eldorado Brasil, a empresa de celulose controlada pelos irmãos Batista, da JBS e que acabou vendida para um rival estrangeiro. A Fibria também tem interesse em uma fusão com a Suzano, a segunda maior fabricante de celulose do país, afirma Castelli.
“Isso não é um tabu”, afirma o executivo. “Acreditamos que este passo criaria um enorme valor para os acionistas.”
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