Fluxo se inverte e fundos de hedge perdem gente para bancos

Por Stefania Spezzati e Nishant Kumar.

Profissionais que debandaram dos bancos para fundos de hedge agora estão tomando o caminho de volta para Wall Street.

Neste mês, o Barclays contratou Chris Leonard, que fundou dois fundos de hedge durante a década desde que saiu do JPMorgan Chase. Ele vai ser responsável por renovar a área de negociação de instrumentos de juros. No fim do ano passado, Roberto Hoornweg e Chris Rivelli, da Brevan Howard Asset Management, deixaram o fundo de hedge sediado em Londres e voltaram a trabalhar para bancos.

Segundo firmas de recrutamento, essa dança das cadeiras segue uma música diferente. Os bancos de Nova York e Londres voltaram a ser empregadores atraentes uma década após a crise financeira e talvez intensifiquem a negociação com ativos próprios se o presidente americano, Donald Trump, diminuir o ônus regulatório. Também pesa o fato de muitos fundos não estarem mais ganhando dinheiro.

“No último trimestre deste ano ou primeiro trimestre de 2018, mais gente deixará os fundos em direção aos bancos para cuidar do dinheiro interno”, disse Jason Kennedy, da Kennedy Group, em Londres, especializada em contratação para bancos e fundos de hedge. “Os bancos se tornarão mais atraentes em termos de emprego e remuneração.”

A expectativa é que Trump seja bom para os banqueiros. Em relatório divulgado em 12 de junho, o Departamento do Tesouro dos EUA recomendou que agências federais reescrevam uma série de regulamentações que são alvo de queixas de Wall Street nos sete anos desde a aprovação da Lei Dodd-Frank. As mudanças incluem ajustes nos testes de estresse que avaliam anualmente se as instituições de crédito conseguem suportar uma piora da economia, flexibilização de algumas regras de negociação e redução do poder do órgão supervisor do financiamento ao consumidor.

Nota de corte sobe

Enquanto isso, “a nota de corte no mundo dos fundos de hedge aumentou drasticamente no último ano”, disse Kennedy.

Abalados por anos de desempenho inferior e investidores revoltados, os fundos de hedge sofrem maior pressão para eliminar o modelo tradicional — com taxa de administração de 2 por cento e taxa de desempenho de 20 por cento — e têm menor capacidade para contratar e reter talentos. Moore Capital Management, Tudor Investment, Och-Ziff Capital Management Group, Canyon Capital Advisors e Brevan Howard são algumas das firmas que baixaram comissões no ano passado.

Em 2016, o número de fundos de hedge que fecharam as portas foi maior do que o número de firmas que abriram e a tendência continuou no primeiro trimestre de 2017, segundo dados da Hedge Fund Research.

“Não surpreende que os traders estejam à procura de segurança e, se os bancos tiverem mais espaço para operar, esses movimentos podem fazer mais sentido”, disse John Purcell, da firma de recrutamento executivo Purcell & Co., de Londres.

Algumas das mudanças mais importantes do setor financeiro recentemente foram:

* Anthony Kemp voltou para o Morgan Stanley no início de maio, vindo da Stone Milliner Asset Management, onde ele foi trabalhar a partir de meados de 2015.

* Alex Silverman saiu da Citadel em direção ao Morgan Stanley em Nova York no final de março.

* Dipak Shah, que já trabalhou no Goldman Sachs Group, assumiu uma diretoria no Citigroup em outubro de 2016, vindo da Capula Investment Services.

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