Por Reed Landberg e Anna Hirtenstein
O carvão será cada vez mais excluído do mercado de geração de energia nas próximas três décadas à medida que os custos das fontes renováveis caírem e a tecnologia aprimorar a flexibilidade das redes em todo o mundo.
Esta é a conclusão de um relatório da Bloomberg New Energy Finance, que estimou que cerca de US$ 11,5trilhões em investimentos serão destinados à geração de eletricidade daqui a 2050. Desse total, 85 por cento, ou US$ 9,8 trilhões, serão destinados às energias eólica e solar e a outras tecnologias de emissão zero, como a hidrelétrica e a nuclear, informou a empresa de pesquisa com sede em Londres.
Baterias melhores, que permitem que os administradores da rede armazenem energia para os momentos em que não há vento nem sol, possibilitarão que as distribuidoras de eletricidade aproveitem a queda dos custos dos painéis solares e das turbinas eólicas. Como as usinas de gás natural têm a capacidade de começar a operar em poucos minutos, a maioria das distribuidoras que desejam uma capacidade de geração garantida optará por esse combustível.
“O carvão deverá ser o maior perdedor a longo prazo”, disse Elena Giannakopoulou, chefe de economia energética da BNEF. “Ele é superado em custo pelas energias eólica e solar na geração de grandes quantidades de eletricidade e em flexibilidade pelas baterias e pelo gás, razão pela qual o sistema elétrico do futuro se reorganizará em torno de fontes renováveis e baratas.”
As projeções da BNEF contrastam com o cenário mais otimista da Agência Internacional de Energia para a geração de eletricidade, prevendo que a energia limpa e os combustíveis fósseis atingirão a paridade, com 50 por cento do mercado para cada, em 2025. A projeção central da instituição com sede em Paris coloca os dois lados em pé de igualdade em 2040 e aponta que os combustíveis fósseis responderão por cerca de dois terços da geração até lá se os governos não tomarem medidas adicionais para restringir a regulação, afirma a AIE.
A perspectiva da BNEF mostra que as energias renováveis provavelmente acabarão dominando a geração de energia em 2050, assumindo até lá aproximadamente a mesma fatia do setor mantida atualmente pelo gás natural e pelo carvão.
O cenário da BNEF, estabelecido em um relatório anual de 150 páginas elaborado a partir dos conhecimentos de 65 analistas de todo o mundo, se baseia em modelagem país a país para a evolução do mercado de eletricidade e em projeções de custos das diferentes tecnologias de geração de energia.
O gás manterá grande parte de sua participação de mercado, afirma a BNEF. A natureza das usinas que serão construídas no futuro se inclinará para as unidades de ponta, que podem ser ligadas e desligadas rapidamente pelas distribuidoras de energia, e se distanciará das usinas de base, que tendem a operar 24 horas por dia. A BNEF projeta que as distribuidoras de energia queimarão muito menos carvão com o passar do tempo.
O declínio do carvão não será suficiente para alterar drasticamente o panorama de aumento gradual das temperaturas globais acima do limite de 2 graus Celsius desde a época pré-industrial, que se tornou a meta climática da Organização das Nações Unidas.
“Mesmo que fechemos todas as usinas de carvão do mundo até 2035, o setor de energia ainda estaria avançando acima da trajetória segura para o clima, queimando muito gás sem controle de emissões”, disse Matthias Kimmel, economista de energia da BNEF.
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