Por Gerson Freitas Jr.
O ano que passou foi um grande ano para as empresas que vendem café, mas não tanto para os produtores que as abastecem. Isso pode começar a mudar em 2019.
Os preços historicamente baixos dos grãos de café em 2018 provavelmente reduzirão o incentivo para os produtores ampliarem a oferta, disse Rodrigo Costa, diretor da Comexim. Isso pode acarretar um aumento dos preços no futuro, dizem os analistas, já que grandes mudanças no setor prometem impulsionar o consumo em todo o mundo.
A Coca-Cola Co., por exemplo, gastou US$ 5 bilhões em 2018 para entrar no espaço do café javanês. Enquanto isso, a Nestlé fez seu terceiro maior acordo em 152 anos ao concordar em pagar US$ 7,15 bilhões pelo direito de comercializar produtos da Starbucks, que agora está se expandindo na China a uma taxa de uma loja nova a cada 15 horas já que a demanda na segunda maior economia do mundo está no auge.
Para Lúcio Dias, diretor comercial da Cooxupé, nem todos na rede podem ganhar ao mesmo tempo e agora é a vez da indústria.
Mais lucros
No ano que vem, segundo ele e outros, os produtores poderão ficar com uma fatia maior dos lucros. Os futuros de café devem ficar em média em US$ 1,24 por libra em 2019, de acordo com a estimativa média de oito analistas consultados pela Bloomberg. Isso representa um aumento em relação ao preço médio deste ano, de US$ 1,15 por libra, abaixo do preço médio das últimas cinco décadas.
Isso ocorrerá em um momento em que o consumo aumentou em média 3,6 milhões de sacas por ano desde a temporada de 2014-15, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.
O ano de 2018 foi difícil para os produtores. Os preços dos grãos de café arábica, o tipo preferido pela Starbucks, caíram cerca de 20 por cento em Nova York e atingiram o nível mais baixo desde 2006.
O preço médio anual pago aos produtores no Brasil foi o mais baixo em quatro anos em moeda local. Isso se deve ao fato de que o crescimento da demanda foi mais do que compensado por um salto na oferta de café, liderado pelo país depois que uma onda de investimentos em plantas, fertilizantes e técnicas de cultivo aprimoradas nos últimos anos encontrou condições climáticas quase perfeitas em 2018.
O enfraquecimento do real e do peso colombiano em relação ao dólar também desempenhou um papel na queda ao incentivar os produtores locais a vender mais café, que geralmente é cotado em dólar. O mesmo ocorreu com o pior declínio dos preços das commodities desde 2015, em meio ao aumento das taxas de juros nos EUA.
A produção no Brasil deve cair de um recorde de 63,4 milhões de sacas para 55 milhões de sacas neste ano, quando o país entra na metade menos produtiva do ciclo bienal, o que deve ajudar a sustentar os preços e a favorecer mais os produtores do que os torrefadores, disse Dias, da Cooxupé.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.