Fundo de US$ 112 bi quer limitar salários excessivos de CEOs

Por Frances Schwartzkopff.

Um dos maiores fundos de previdência da Europa somou sua voz à lista de investidores que denunciam os executivos cujos salários consideram excessivos.

A ATP, da Dinamarca, administra cerca de US$ 112 bilhões em ativos. O último alvo público da empresa foi a Carlsberg. Na assembleia geral anual em março, o fundo disse que os 36 milhões de coroas dinamarquesas (US$ 5,4 milhões) pagos ao CEO Cees ‘t Hart em 2016 foram excessivos e lutou contra uma proposta de aumentar o componente variável. O pacote salarial foi finalmente aprovado por um conselho dominado pela Carlsberg Foundation, mas a ATP tinha enviado um sinal claro.

Christian Hyldahl, o dinamarquês de 52 anos que dirige a ATP na sede ao norte de Copenhague desde janeiro, diz que quer usar seu emprego para lançar luz sobre o que ele caracteriza como uma cultura salarial insustentável. Ele diz que CEOs ambiciosos colocam em risco a democracia e o capitalismo.

“Por que os funcionários deveriam ter aumentos salariais modestos ou nenhum se o CEO ganha cada vez mais e mais e mais?”, disse Hyldahl em entrevista. “Há um grande problema de liderança nisso. É preciso provar do próprio remédio.”

Opiniões

A ATP, que decidiu tornar pública sua opinião sobre os salários de executivos pela primeira vez no ano passado, está somando sua voz a uma longa lista de fundos influentes que tentam limitar políticas de remuneração excessivas. O fundo de riqueza soberana da Noruega, de US$ 960 bilhões, o maior do mundo, sugeriu em abril bloquear os pagamentos em ações durante até uma década antes de permitir que um CEO recebesse o dinheiro. No Reino Unido, o Institute of Directors quer que o governo dê aos investidores mais poder para restringir o salário dos executivos.

Hyldahl diz que os EUA e o Reino Unido poderiam aprender da cultura de pagamentos nórdica. A região, famosa pelo generoso sistema de previdência social, pelos impostos elevados e pelas economias estáveis, ostenta algumas das sociedades mais igualitárias do mundo no que se refere à distribuição de renda. Um ranking da OCDE mostra que a Dinamarca, a Noruega e a Islândia apresentam as menores brechas salariais do mundo rico. Já os EUA têm a terceira maior brecha de renda dos 36 países-membros da OCDE, superada apenas pelo México e pelo Chile.

O salário de 2017 do próprio Hyldahl foi fixado em 6,6 milhões de coroas. Seu predecessor, Carsten Stendevad, ganhou 6,9 milhões de coroas no ano passado, aproximadamente US$ 1 milhão, dos quais cerca de US$ 150.000 foram em benefícios para a aposentadoria.

“Não estamos dizendo que os CEOs não devem ser remunerados”, disse Hyldahl. “Ainda estamos falando de milhões de dólares. Eu diria que eles ainda vão poder comprar uma casa e um carro, e talvez até um barco.”

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