Fundo ESG do Morgan Stanley é melhor estreia do Japão em 20 anos

Por Min Jeong Lee e Toshiro Hasegawa.

Uma aposta em questões ambientais, sociais e de governança (agregadas sob a sigla em inglês ESG) é uma corrida entre os investidores japoneses para comprar ações de empresas estrangeiras, principalmente na área de tecnologia, foi a combinação vencedora para um fundo administrado pela Morgan Stanley Investment Management no país asiático.

Lançado no mês passado, o Global ESG High Quality Growth Equity Fund, administrado pela gestora dos EUA e controlado pela japonesa Asset Management One, captou um montante inicial de 383 bilhões de ienes (US$ 3,6 bilhões), o maior volume para um oferecimento novo no Japão em 20 anos, segundo dados compilados pela Bloomberg. A quantia também marca o segundo maior lançamento de todos os fundos de renda variável no país, atrás do Nomura Japan Equity Strategy Fund, que em 2000 atingiu valor inicial de 792,5 bilhões de ienes.

O novo produto adota estratégia semelhante à do Global Opportunity Fund, do Morgan, com US$ 15,6 bilhões e bastante concentrado em tecnologia. Oito das 10 maiores posições do novo fundo também estão na carteira do outro. As quatro principais ações — Amazon.com, TAL Education Group, Mastercard e ServiceNow — respondem por cerca de 30% do portfólio de cada fundo.

“Queremos ter um bom impacto, mas também obter o melhor retorno para nossos acionistas”, afirmou Kristian Heugh, gestor do fundo pelo Morgan Stanley, em entrevista. “ESG é absolutamente crítico para o mercado observar, para as empresas observarem, mas queremos ter certeza de que as pessoas não se movem longe demais em uma direção ou outra porque não vai funcionar.”

A pandemia de coronavírus criou um impulso global na direção de investimentos sustentáveis, com maior foco em fatores como saúde e mudanças climáticas, e estimula empresas a adotar padrões ESG. O Bank of America informou no mês passado que os fluxos para estratégias ESG desde o início de 2020 foram quatro vezes maiores do que em igual período de 2019.

Pegada de carbono

A equipe de Heugh classifica as ações com base em um sistema interno de pontuação que leva em consideração “aspectos qualitativos” do negócio ao mensurar o desempenho de uma empresa, separando-as nas categorias ouro, prata e bronze.

A Amazon.com, por exemplo, é prata. Empresas de comércio eletrônico trazem “alguns impactos positivos” para a sociedade, reduzindo custos e a pegada de carbono por meio de serviços baseados na web, de acordo com Heugh. “Você pode fazer diferença e obter lucratividade ao mesmo tempo quando se concentra nessas questões”, acrescentou ele.

O surto de coronavírus levou investidores de varejo em todo o mundo a apostar em ações de empresas ligadas a tecnologia e dados. Junto com ações de companhias de saúde, esses papéis lideram a recuperação das bolsas globais após as mínimas atingidas em março.

O Japão tem “um dos maiores vieses para o mercado interno no mundo”, disse Heugh. “É muito impressionante ver essa mentalidade mudar.”

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