Fundos de hedge para emergentes estão dispensando clientela

Por Suzy Waite e Nishant Kumar.

O dinheiro barato pode ter garantido o nono ano consecutivo de ganhos nos fundos de hedge focados nos princípios macroeconômicos de mercados emergentes. Isso não significa que haverá uma debandada quando os principais bancos centrais do mundo começarem a fechar as torneiras de liquidez.

A demanda por esses fundos é tamanha que alguns estão rejeitando novos clientes. A britânica Pharo Management fechou as portas de um fundo desses após embolsar 25 por cento nos primeiros nove meses do ano. Antoine Estier captou o dobro do que esperava para seu novo Amia Capital e barrou partes do fundo a novos participantes, de acordo com uma pessoa a par da decisão.

Investidores acreditam que a capacidade dos fundos de hedge de apostar nos altos e baixos dos mercados pode protegê-los mesmo se a retirada de uma década de estímulos quantitativos prejudicar economias em desenvolvimento. Fala-se que a retirada desses estímulos pode atrapalhar a recuperação das economias emergentes porque, na busca por rendimentos maiores, uma parcela generosa do dinheiro extremamente barato injetado pelos bancos centrais acabou parando nesses mercados.

“Definitivamente foi um ano forte para fundos macro para mercados emergentes”, disse Philippe Ferreira, estrategista sênior da Lyxor Asset Management em Paris, que supervisiona aproximadamente US$ 35 bilhões em estratégias alternativas.

A Lyxor tem posição “defensiva” no mundo em desenvolvimento como um todo, enquanto avalia o impacto do fim dos estímulos quantitativos, mas permanece otimista em relação aos fundos macro que investem nessas economias, segundo Ferreira. A gestora pode expandir suas alocações no ano que vem, “contanto que a normalização pelos bancos centrais seja bem absorvida pelos ativos de mercados emergentes, o que parece cada vez mais provável”, ele disse.

A maioria dos analistas ainda confia na continuidade da recuperação econômica que sustenta os ganhos dos fundos de hedge voltados para países emergentes.

A expectativa é de desaceleração das economias avançadas nos próximos anos, enquanto o crescimento nos emergentes deve aumentar para 5 por cento em 2019, de acordo com estimativas compiladas pela Bloomberg. Países da África e América do Sul também se beneficiam da disparada dos preços das commodities que exportam, além de o Brasil ter saído de sua pior recessão.

‘Continuidade das entradas de capital’

“O ressurgimento do crescimento econômico em diversos países importantes aponta para melhora dos fundamentos e favorece a continuidade das entradas de capital” em ativos de mercados emergentes, disse Charles Hallion, gestor de recursos da Pharo em Londres. “O ciclo econômico está mais maduro nos países desenvolvidos e, consequentemente, as oportunidades são menos atraentes.”

Na média, os fundos de hedge macro para mercados emergentes ganharam 5 por cento no ano até outubro, superando um pouco o retorno de 4 por cento de fundos mais amplos, segundo dados da Eurekahedge.

Em um prazo mais longo, o desempenho foi muito superior, com retorno de 99 por cento para os primeiros desde o final de 2008 e 56 por cento para os fundos de perfil mais abrangente.

A diferença não é maior neste ano por causa dos ativos nos quais os fundos de hedge aplicam. As bolsas de mercados emergentes subiram aproximadamente 30 por cento em 2017 – quase o dobro do registrado nas nações desenvolvidas. No entanto, os títulos emitidos por mercados emergentes praticamente estacionaram desde setembro e suas moedas recentemente devolveram boa parte dos ganhos do ano.

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