Por Katia Porzecanski.
A paixão dos investidores por fundos de hedge está acesa novamente — se é que eles ainda podem ser chamados assim.
A demanda líquida por alocações para fundos de hedge é a maior em pelo menos três anos, em 28 por cento, comparado a 12 por cento um ano atrás, segundo pesquisa do Credit Suisse Group divulgada na terça-feira. Isso significa que eles estão apenas 1 ponto percentual atrás de private equity como líder em investimentos alternativos.
É uma espécie de revanche para esse segmento que movimenta aproximadamente US$ 3 trilhões. Após anos de desempenho medíocre, os fundos de hedge podem aproveitar a alta dos juros e a volta da volatilidade nos mercados globais. Mas para cair nas graças dos investidores outra vez, eles precisaram alterar parâmetros como liquidez e comissões e até a estrutura geral. Pela primeira vez, a pesquisa encontrou interesse maior por ofertas não convencionais dos fundos de hedge do que pelas estratégias convencionais.
“Com investidores começando a olhar para os fundos de hedge como parte de carteiras amplas, eles estão usando soluções mais personalizadas via contas administradas e estruturas não tradicionais, avaliando os fundos de hedge de diversas maneiras para atender às suas necessidades e aos seus objetivos”, afirmou Joseph Gasparro, responsável por consultoria estratégica e conteúdo do Credit Suisse Capital Services.
Entre as estratégias tradicionais que ainda agradam investidores, as principais são voltadas para tendências macroeconômicas e ações do setor de saúde. No entanto, o apetite por outros produtos de fundos de hedge — como contas administradas separadamente, crédito privado, fundos de coinvestimento em ações e fundos com períodos mais longos de bloqueio de negociações — superou essas duas categorias.
Os investidores usam contas administradas separadamente para obter comissões mais baratas e mais controle. Em troca, comprometem mais dinheiro e por mais tempo. Coinvestir é uma forma de colocar capital em operações individuais junto com o fundo de hedge em vez de colocar dinheiro no fundo em si.
Outra novidade favorável para os fundos de hedge é que, segundo a pesquisa, mais investidores pretendem resgatar dinheiro de estratégias passivas de renda variável com posições apenas compradas (como os ETFs, sigla para exchange-traded funds ou fundos negociados em bolsa) do que aplicar nelas.
“A volatilidade voltou após anos de mercados muito calmos e benignos”, disse Gasparro. “Ao mesmo tempo, investidores de fundos de hedge estão encontrando um meio-termo no que se refere a comissões e condições. Parece bem mais construtivo.”
Queda das comissões
As comissões cobradas pelos fundos de hedge continuam em queda. Antes padrão, o modelo “2 e 20” é raro hoje em dia. Apenas 3 por cento dos investidores pagam taxa de administração de 2 por cento e 16 por cento deles pagam taxa de incentivo de 20 por cento. A taxa média de administração agora equivale a 1,45 por cento dos ativos e a taxa média de performance está na casa de 17 por cento, de acordo com o levantamento.
As concessões por parte dos fundos de hedge não se limitam a comissões.
O Credit Suisse descobriu que, ao longo dos últimos dois anos, um quarto dos alocadores convenceu gestores a cobrir despesas que antes eram repassadas aos clientes — em cima das comissões. Entre os custos menos aceitáveis para os investidores estão viagens e a remuneração de profissionais não envolvidos com investimentos.
O estudo foi realizado entre maio e julho e contou com 279 participantes, entre fundos de pensão e bancos privados, com US$ 1,04 trilhão alocados em fundos de hedge.
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