Por Gerson Freitas Jr. e Julia Leite.
A BRF deve enfrentar forte turbulência nas próximas semanas. Os maiores acionistas da gigante de alimentos querem a dissolução de todo o conselho de administração da companhia após a divulgação do pior resultado da sua história.
Os fundos de pensão Previ e Petros, que juntos detêm 22 por cento da BRF, enviaram uma carta no domingo pedindo ao presidente do conselho da BRF, Abilio Diniz, a convocação de uma assembleia de acionistas para votar a substituição dos membros do conselho, incluindo ele próprio. A iniciativa também abre a perspectiva de mais uma série de mudanças no comando executivo da BRF, uma vez que os fundos já haviam votado contra a indicação do atual CEO, José Drummond Jr., em novembro.
“A Previ entende ser imprescindível reformular a estratégia do negócio a fim de recuperar a performance da BRF”, informou a Previ, no domingo, em comunicado, acrescentando sua preocupação com a fraqueza dos resultados e do desempenho das ações.
A BRF divulgou na semana passada um surpreendente prejuízo de R$ 784 milhões no quarto trimestre, resultado atribuído principalmente a provisões e ajustes como os relacionados ao escândalo da Carne Fraca. A S&P Global Ratings reduziu a perspectiva de crédito da BRF de estável para negativa, o que significa que a empresa pode perder o grau de investimento nos próximos seis a 12 meses.
Esta é apenas a última de uma série de más notícias para a BRF. A empresa vem enfrentando dificuldades nos últimos dois anos, com prejuízos inesperados em meio a uma série de contratempos, incluindo o forte aumento dos custos da ração animal e a maior recessão do Brasil em um século. As ações da empresa recuaram 8,3 por cento na sexta-feira e atingiram o nível mais baixo desde 2012.
Diniz, um investidor com patrimônio líquido de US$ 3,4 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index, detém 3,9 por cento da BRF. O magnata havia prometido acelerar o crescimento e elevar o preço das ações quando foi nomeado à presidência do conselho, em 2013. Desde então, a BRF substituiu toda a diretoria duas vezes, eliminou milhares de postos de trabalho e vendeu alguns ativos, ao mesmo tempo em que também fez aquisições no exterior. Ainda assim, a ação recuou quase 63 por cento em dólares no período, pior desempenho entre seus pares internacionais.
As ações da BRF mostravam pouca oscilação e eram negociadas a R$ 28,44 às 10h08 em São Paulo.
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