Fundos ESG: o que contribui para um bom desempenho?

Artigo escrito por Nakul Nair, especialista em ciência de dados da Bloomberg.

Os fundos que consideram os fatores ESG (ambientais, sociais e de governança) detêm aproximadamente US$ 7 trilhões em ativos, de acordo com uma análise da Bloomberg de 14.500 fundos que divulgam fatores ESG em seu prospecto. Um patamar que indica que este setor alcançou um status dominante. Apesar disso, o setor ainda tem muito trabalho a fazer para superar os desafios para os quais foi projetado, como limitar o aquecimento global e criar práticas de governança corporativa mais equitativas, dentre outros.

Para conseguir isso, é necessário mais investimento. Em teoria, o desempenho é a força motriz por trás desse investimento. Um melhor desempenho atrairá mais atividades, formará novos fundos e atrairá mais capital. Mas como o desempenho é definido para os fundos ESG? O que constitui um bom desempenho? Como os principais fundos estão alcançando os melhores resultados de desempenho?

Normalmente, o desempenho de um investimento é avaliado em dois eixos principais: retornos e risco. O primeiro dita o quanto você recebe em troca do que investe. O segundo examina a probabilidade de recuperar o que se espera receber, ou seja, o grau de certeza dos retornos previstos.

Quando se trata de investimentos ESG, há um terceiro eixo que deve ser considerado: o impacto. Seus investimentos estão em linha com seu objetivo de investimento em ESG?

Desempenho = retornos – risco + impacto

Com essa estrutura em mente, avaliamos os tipos de fundos ESG de melhor desempenho em ações, alocações mistas e renda fixa. Usando a recém-lançada solução de dados da Bloomberg para fundos corporativos, este texto analisa aproximadamente 14.500 fundos mútuos, fundos de fundos, e fundos abertos nas Américas, Europa e Ásia. Os produtos negociados em bolsa, como ETFs, não foram incluídos. Analisamos os tipos de fundos que geram os melhores retornos, oferecem o menor risco e têm o maior impacto.

  1. Fundos ESG de ações geram os melhores retornos

Começando pelos retornos, a Figura 1 exibe o retorno total de 3 anos para fundos ESG e índices comparáveis por classe de ativos: ações, alocações mistas e renda fixa. Estes índices representam uma alternativa de investimento facilmente acessível para investidores.

Como mostrado, os fundos que investem em ações não só geram os melhores retornos dentro do espaço ESG como também superam os índices comparáveis. Embora os fundos ESG de alocação mista e de renda fixa também tenham se saído melhor do que seus índices correspondentes, é gigantesco o déficit nos retornos em comparação com fundos ESG focados em ações.

Os fundos ESG geram retornos melhores do que o índice correspondente. Isso questiona a noção de custo de oportunidade associada ao investimento relativo a fatores ESG – um investidor consciente não precisa necessariamente abrir mão de retornos.

 

Retornos totais anualizados no período de 3 anos por classe de ativos para fundos ESG em comparação com índices de mercado mais amplos

Fonte: solução de dados de fundos da Bloomberg. Obs.: a análise inclui apenas classes de ativos com mais de 2.000 fundos. Índices utilizados: ações – índice mundial, alocação mista – Bloomberg Global EQ:FI 40:60 e renda fixa – Índice Bloomberg GlobalAgg
  1. Fundos de ações não estão isentos de risco

Agora vamos considerar o risco. A figura 2 mostra a distribuição da volatilidade de retorno por classe de ativos para fundos ESG (barras). A mediana das barras é plotada como linhas sólidas com cores correspondentes, ou seja, a linha azul sólida é a mediana para as barras azuis.

Ao compararmos as linhas verticais sólidas, é possível observar que os fundos de ações têm a maior volatilidade mediana, pois estão mais à direita ao longo do eixo X. Fundos de alocação mista estão em segundo lugar, e os fundos ESG de renda fixa são os menos arriscados.

As linhas tracejadas descrevem a volatilidade do índice de mercado correspondente no mesmo período. Portanto, a distância entre a linha tracejada e a linha sólida da mesma cor representa o quanto os fundos ESG desta classe de ativos são mais arriscados em comparação com o mercado mais amplo.

Esta distância é mais ampla para os fundos de renda fixa, o que significa que, embora os fundos de renda fixa sejam os menos arriscados em geral, eles são os mais arriscados em relação ao seu índice de mercado mais amplo. Os fundos de ações estão logo em seguida, e o risco de fundos ESG de alocação mista é o mais próximo do seu mercado correspondente.

Os fundos ESG têm um universo de investimento menor do que seu índice de mercado mais amplo, portanto, não é uma grande surpresa que apresentem um risco maior. O fato de os fundos de alocação mista alcançarem um nível de risco semelhante, apesar do escopo mais restrito, é um grande benefício de se investir em fatores ESG por meio dessa classe de ativos.

 

Distribuição anualizada da volatilidade de retorno por classe de ativos no período de 3 anos para fundos ESG em comparação com índices de mercado

Fonte: solução de dados de fundos da Bloomberg Obs.: inclui apenas classes de ativos com mais de 2.000 fundos. Índices utilizados: ações – índice mundial, alocação mista – índice Bloomberg Global EQ:FI 40:60 (índice BMADM46E) e renda fixa – índice Bloomberg GlobalAgg (índice LEGATRUH)
  1. Fundos de alocação mista têm melhores scores em termos de “impacto”

Ainda falta analisarmos o terceiro pilar a ser considerado – o impacto. O impacto é um conceito difícil de quantificar. Nesta análise, usamos scores e analytics da Bloomberg para fatores ESG no nível de fundos como nossa referência de impacto, pois medem a gestão de uma empresa sobre questões ESG financeiramente relevantes. Os scores combinam os dados de participação da Bloomberg com seus dados de nível de ativos premium para que os clientes possam analisar e determinar se um fundo realmente atende aos critérios de sustentabilidade.

A figura 3 mostra um score ESG médio ponderado por classe de ativos, revelando que os fundos mistos têm a melhor classificação média, seguidos por fundos de ações e depois pelos de renda fixa.

 

Score ESG médio ponderado, por classe de ativos

Fonte: solução de dados de fundos da Bloomberg. Obs.: o score é calculado como uma média ponderada dos scores individuais dos pilares E, S e G da Bloomberg. O fator E é ponderado em 50%, S em 30% e o G em 20%.

Portanto, os fundos de ações têm os melhores retornos, mas são os mais arriscados. Os fundos mistos têm um retorno muito mais modesto, mas apresentam a menor volatilidade e têm o maior score ESG. Basicamente, os tipos de fundos ESG com o melhor desempenho geralmente investem em ações ou têm uma alocação mista. Como investidor, a escolha de qual classe de ativos favorecer depende de como você avalia os diferentes fatores de desempenho: retorno, risco e impacto.

Para mais informações sobre a solução de dados de fundos da Bloomberg utilizada nesta análise, acesse nosso site aqui.

Agende uma demo.