Por Lydia Mulvany.
A Monsanto, um para-raios de críticas às técnicas da agricultura moderna, lançará no ano que vem um novo recurso para suas sementes de milho geneticamente modificadas que, segundo a empresa, não apenas aumenta o rendimento do grão, mas também reduz o uso de fertilizante e as emissões de dióxido de carbono.
A gigante do ramo de sementes desenvolveu, juntamente com a empresa dinamarquesa Novozymes, um recobrimento para sementes feito com um fungo amigável que ajuda as plantas de milho em seus estágios iniciais de crescimento.
A Monsanto, que tem sede em St. Louis, EUA, e neste ano fechou acordo para ser adquirida pela alemã Bayer, está promovendo o produto como uma inovação da tecnologia microbiana, ramo no qual cientistas estudam fungos e outros organismos, como bactérias, para ajudar os agricultores.
As plantações de milho tratadas com a nova tecnologia microbial Monsanto-Novozymes — oficialmente chamada Acceleron B-300 SAT — tiveram rendimentos melhores do que aquelas que não contaram com o tratamento, informaram as empresas em comunicado na segunda-feira. O produto permanece nas sementes por mais tempo e é compatível com outros tratamentos químicos, diferentemente de versões anteriores. A tecnologia poderá ser aplicada em mais de 36 milhões de hectares até 2025.
O tratamento para sementes pode “se tornar um dos maiores produtos biológicos do setor agrícola”, disse Colin Bletsky, vice-presidente da BioAg, uma unidade da Novozymes. “Aproveitando o poder dos micróbios da natureza, os agricultores poderão produzir colheitas maiores.”
Os agricultores utilizam tratamentos químicos sintéticos para sementes há décadas para proteger as plantas contra pragas quando enraízam e trata-se de um setor maduro, disse John Combest, porta-voz da Monsanto, por telefone. Os tratamentos microbianos de sementes, em contrapartida, são produtos de nicho que cresceram só na última década, disse ele. O mercado de microbianos agrícolas atualmente conta com cerca de US$ 1,8 bilhão em vendas, enquanto os produtos químicos e pesticidas tradicionais formam um mercado avaliado em cerca de US$ 240 bilhões, disse Combest.
O novo recobrimento microbiano, derivado de um fungo chamado Penicillium bilaiae, trabalha crescendo junto com as raízes das plantas e ajudando-as a terem acesso ao nitrogênio e ao fósforo presentes no solo. Nos testes, as plantações que usaram a tecnologia microbiana aumentaram os rendimentos em mais de 190 quilos por hectare em média, segundo comunicado.
Os esporos permanecem nas sementes por dois anos. O período contrasta com os 120 dias da versão anterior do produto, chamado JumpStart, que submetia os agricultores a um limite de tempo para plantio das sementes tratadas.
Além disso, os agricultores se encarregavam de aplicar JumpStart às sementes por conta própria, já que o produto não era compatível com tratamentos químicos tradicionais, como inseticidas e fungicidas. Agora, a Monsanto afirma que pode incluir a tecnologia microbiana juntamente com outros recobrimentos antes de enviá-los a revendedores e agricultores.
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