Furacão coloca gênio dos fundos de hedge em missão pelo clima

Por Dani Burger.

O comandante de um dos fundos de hedge mais bem sucedidos do mundo, David Vogel, está realmente preocupado com a casa dele.

Na semana passada, o profissional de 44 anos, sua família e sua firma fugiram da cidade de Jupiter, na Flórida, que estava na mira do furacão Irma. Durante uma semana, ele e dezenas de funcionários se refugiaram em um hotel em Nova York, tentando lidar com a devastação que encontrariam quando voltassem.

Desastres naturais nunca chegam em momento conveniente, mas este foi especialmente ruim para a Voloridge
Investment Management de Vogel, que administra US$ 1,4 bilhão. Trata-se de um dos fundos de perfil quantitativo de maior sucesso atualmente, com retorno anualizado de 38 por cento em três anos, de acordo com documento ao qual a Bloomberg News teve acesso. A demanda pelo fundo é enorme e os negócios vão de vento em popa.

Mas o furacão e suas consequências tiraram o foco de Vogel.

A sede da Voloridge fica em uma luxuosa cidade de praia na Flórida, que tem entre seus residentes o jogador de golfe Tiger Woods e o músico Kid Rock. Jupiter também é alvo fácil de tempestades amplificadas por mudanças climáticas. Irma afetou a vida de Vogel e reforçou sua dedicação a um projeto quantitativo pessoal: ajudar a provar que a mudança climática é real e causada por seres humanos – e convencer as pessoas a tomar providências para remediar a situação.

‘Fiz as contas’

“Para as pessoas escutarem, às vezes é preciso colocar em termos econômicos”, disse Vogel em entrevista no escritório da Bloomberg em Nova York, em 12 de setembro. “Se não houvesse regra sobre jogar lixo em aterros sanitários, as pessoas jogariam no quintal do vizinho. É o que está acontecendo, as pessoas simplesmente jogam o lixo fora. E isso está causando estragos de bilhões de dólares.”

Vogel promove estudos sobre os motivos e custos da mudança climática e defende soluções por meio de sua organização sem fins lucrativos, a Fundação VoLo. Ao falar sobre as conclusões, ele se concentra em números — a ponto de o interlocutor ficar perdido. Mas, segundo ele, bastam simples multiplicações para provar que a mudança climática é provocada por atividades humanas.

Como pensador quantitativo, Vogel não aceita opiniões sem antes ver os dados. Há dois anos, ele decidiu se debruçar sobre a ciência disponível sobre mudança climática. Um dos exercícios envolveu dados brutos de consumo de petróleo e carvão. Depois ele calculou a quantidade de gás carbônico emitida na queima de cada tonelada dessas substâncias e fez a correspondência com o aumento dos níveis de gás carbônico na atmosfera.

Ele afirma que a conclusão é indiscutível: os seres humanos estão provocando a mudança do clima.

Mensagem urgente

“Eu não tinha certeza sobre a mudança climática até que fiz as contas”, ele disse. “Não é ciência questionável. É preto no branco.”

Vogel propõe a cobrança de um imposto de carbono para redução de emissões como a forma mais inteligente de alterar o comportamento das pessoas. Ele pede urgência porque os cálculos matemáticos sugerem que aumentará a frequência de eventos como os furacões Irma e Harvey. Diante das perdas catastróficas observadas do Texas até a Flórida, Vogel tem esperanças de que as pessoas pelo menos comecem a prestar atenção no argumento dele, fundamentado em dados.

Vogel iniciou a carreira como gestor de recursos de perfil quantitativo depois que se destacou em uma competição de programadores promovida pelo Netflix. Desde que foi lançado em 2009, o Voloridge nunca teve um ano de perdas. O fundo sistemático com posições compradas e vendidas em ações dos EUA e contratos futuros globais tem de 500 a 1200 posições e visa aproveitar padrões de curto prazo no mercado.

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