Por Manuel Baigorri e Dinesh Nair.
Com a volatilidade dos mercados gerada por reveses políticos como o referendo do Brexit no Reino Unido, o número crescente de transações malsucedidas e a ressaca após a farra de compras recorde do ano passado, 2016 tinha tudo para ser um ano decepcionante em matéria de fusões e aquisições.
Contudo, o gasto global neste ano está em cerca de US$ 3 trilhões e o ano está prestes a se tornar o terceiro melhor da última década, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os fechadores de negócios dizem que o mercado têm mostrado resiliência e ainda poderia melhorar em 2017 com a estabilização de setores como energia e serviços financeiros.
A seguir, banqueiros de investimento que trabalham nos EUA e na Europa compartilham suas perspectivas sobre o ambiente para transações em 2016, revelam o que os surpreendeu e comentam os fatores que moldarão o ano que vem.
Gilberto Pozzi, codiretor global de fusões e aquisições do Goldman Sachs Group
Vivemos um ano com um impulso muito diferente no começo na comparação com o fim. O que nos surpreendeu em 2016 foi ver como a atividade de fusões e aquisições pode ser volátil, apesar de o acordo em si, por definição, ser uma decisão de longo prazo. Observamos maiores níveis de atividade de negócios quando há confiança na perspectiva de mercado.
Estamos moderadamente otimistas dada a aceleração projetada do crescimento global, apoiada por estímulos em vários países. As condições financeiras continuam sendo favoráveis e os investidores ainda apoiam as transações certas. Além disso, o mercado americano de fusões e aquisições tem aspecto positivo, o que geralmente é transmitido para a Europa em algum momento.
Luca Ferrari, diretor de fusões e aquisições do Bank of America para Europa, Oriente Médio e África
A maior surpresa não foi apenas a importância dos eventos geopolíticos para todos os comentaristas e participantes do mercado, mas também, após alguns dos resultados eleitorais mais inesperados em décadas, ver como os mercados de ações e de crédito conseguiram deixar de se preocupar quase imediatamente.
O mercado de fusões e aquisições será afetado por forças contrastantes. Há capital disponível e barato, os mercados de ações operam com avaliações altas e a confiança dos CEOs continua alta segundo os padrões históricos. No entanto, somados à alta probabilidade de aumento dos juros, o afastamento da política convencional e a falta de crescimento econômico na Europa, no Oriente Médio e na África poderiam continuar criando incerteza e limitando investimentos. Contudo, acreditamos na probabilidade de que 2017 seja tão bom quanto 2016, pelo menos.
Pier Luigi Colizzi, diretor de fusões e aquisições do Barclays para Europa, Oriente Médio e África
Embora haja bastante disponibilidade de caixa para transações de fusões e aquisições e os investidores estejam focados no crescimento, é possível que o mercado de fusões e aquisições mantenha uma cautela moderada até ter mais clareza sobre a implementação do Brexit e as consequências das políticas do novo governo dos EUA.
Os setores ligados às commodities vêm se focando em si mesmos há muito tempo e podem ver alguns acontecimentos em 2017. O setor de serviços financeiros continuará evoluindo, com mais concentração na dinamização de estruturas grupais para aumentar os retornos. É possível que os setores de saúde e produtos químicos continuem se consolidando em uma escala global. Finalmente, o setor de mídia teve muita atividade no fim de 2016 e poderia continuar registrando acontecimentos no ano novo.
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