G20 inicia encontro próximo à zona de guerra na Síria

Por Rodney Jefferson e Donna Abu-Nasr.

O resort de Antália, no litoral da Turquia, receberá a cúpula do Grupo dos 20 a partir deste domingo e colocará os líderes mundiais ao lado de uma das maiores crises que eles enfrentam.

A missão do G20 é fomentar a estabilidade econômica e financeira e a agenda do governo turco para a presidência de 2015 se refere ao “fortalecimento da recuperação mundial” e ao aprimoramento da regulação do mercado e das políticas relativas à energia e à mudança climática. No entanto, para muitos dos líderes que vão participar, a cúpula será dominada pela guerra na Síria e pelo fluxo humano que está chegando aos territórios europeus através da Turquia.

Antália fica quase à mesma distância entre a parte do mar Egeu onde sírios estão se afogando ao buscar segurança e o território do Estado Islâmico. Nos preparativos para a cúpula, as autoridades turcas posicionaram policiamento adicional na cidade e fizeram batidas na casa de militantes suspeitos e de seus apoiadores.

Eis algumas das coisas em que vale a pena prestar atenção na cúpula, que durará dois dias:

A dinâmica entre Obama e Putin

Faz menos de dois meses que a dupla se reuniu em Nova York para discutir a guerra civil síria. Sem que o presidente dos EUA, Barack Obama, soubesse, o líder russo, Vladimir Putin, estava planejando a maior campanha militar do país fora da antiga União Soviética em mais de duas décadas, tendo enviado seus aviões de guerra no fim de setembro para apoiar o líder sírio Bashar al-Assad.

Na última cúpula do G20, em Brisbane, na Austrália, Putin foi embora mais cedo, depois de ter sido repreendido por causa do conflito com a Ucrânia e ameaçado com mais sanções. Desta vez, ele chegará como alguém com quem é mais provável que Obama e seus aliados negociem. O mais recente plano russo, que está sendo discutido em Viena neste fim de semana, é uma transição política na Síria em um prazo de 18 meses.

Merkel, Erdogan e os refugiados

Angela Merkel está na linha de frente do drama dos refugiados sírios.

A chanceler alemã tem sido criticada por membros de seu próprio partido eleitoral por ter adotado uma política de portas abertas. Ela precisa que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, encorajado porque o partido fundado por ele reconquistou a maioria parlamentar, se empenhe mais em estancar o fluxo através de seu país, não apenas de sírios, mas também de migrantes vindo de países como Afeganistão e Bangladesh.

Não se esqueça da economia

De acordo com os parâmetros do G20, o estado da economia mundial dificilmente dará uma trégua. Nesta mesma semana, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico reduziu em Paris sua previsão de crescimento mundial pela segunda vez em três meses.

O presidente chinês, Xi Jinping, chega após uma desaceleração em casa que sacudiu os mercados financeiros neste ano. A Argentina está à beira do colapso antes do segundo turno da eleição presidencial no dia 22 de novembro. O rei saudita talvez precise pensar em ter que ajustar os preços do petróleo, que continuam abaixo de US$ 50 por barril. E também tem o Brasil, onde a presidente Dilma Rousseff está se agarrando ao poder enquanto tenta transitar uma recessão cada vez mais profunda e uma inflação desenfreada.

Regulação dos grandes bancos

Essa área vai render alguma coisa. Depois de anos de trabalho, o Conselho de Estabilidade Financeira, criado pelo G20 em resposta à crise mundial, publicou nesta semana um plano para garantir que os bancos que anteriormente eram “muito grandes para falir” possam ser reduzidos paulatinamente e recapitalizados sem que os contribuintes precisem pagar o resgate.

Espera-se que essas propostas sejam aprovadas em Antália, o que significa que os maiores bancos do mundo talvez precisem captar US$ 1,2 trilhão para cumprir as novas regulamentações dispostas pelos reguladores financeiros.

Por último, o Irã, motivo de grande preocupação

O Irã, que chegou a um importante acordo nuclear com as potências ocidentais em julho, não faz parte do G20, mas estará presente em espírito, por seu apoio a Assad na Síria.

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