Gerentes de hedge funds só precisam escutar o Goldman para ter menos medo da China

Por Ye Xie.

Gerentes de hedge funds, dentre eles Paul Singer e Bill Ackman, que têm se preocupado com a queda dos mercados acionários da China poderiam se sentir melhor se escutassem os mais destacados economistas do país.

Singer, cujo hedge fund, Elliott Management Corp., está às voltas com uma batalha legal com a Argentina há dez anos por dívida inadimplente, disse na quarta-feira que o desmoronamento alimentado por créditos do mercado acionário da China poderia ter implicações maiores do que a crise das hipotecas subprime dos EUA em 2007. Ackman, que administra a Pershing Square Capital Management, chamou o mercado acionário chinês, que perdeu mais de US$ 3 trilhões em valor desde 12 de junho, de “assustador”.

A queda de 26 por cento do Shanghai Composite Index em menos de um mês provavelmente abalará a confiança dos investidores e afetará o setor financeiro, porém seu impacto geral na economia é limitado, de acordo com analistas do Goldman Sachs Group Inc., que fez as previsões mais exatas sobre a economia chinesa nas pesquisas da Bloomberg.

As empresas contam com o mercado acionário para obterem menos de 5 por cento de seu financiamento e os investidores em ações representam 7 por cento da população, disse o Barclays Plc. Os investidores estrangeiros são donos de menos de 3 por cento das ações locais chinesas.

Os dois bancos estão em sintonia com Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, que disse na semana passada que a queda do mercado acionário da China é “um grande espetáculo à parte” que “não se reflete nos fundamentos” de sua economia. Estes são os pontos principais do Goldman Sachs e do Barclays:

* Financiamento: O mercado acionário nunca foi um lugar importante para as empresas chinesas arrecadarem fundos. Apesar de uma alta das aberturas de capital neste ano, as ações representaram 4,2 por cento do financiamento total, na comparação com 10 por cento do mercado de bonds e 76 por cento dos empréstimos bancários, segundo o Barclays.

* Consumo: O rali de 152 por cento do indicador de Xangai nos doze meses até 12 de junho não fez muito para elevar o consumo e talvez o impacto também seja limitado ao cair, escreveram economistas do Goldman Sachs, dentre eles Yu Song, em uma nota no dia 13 de julho. Isso acontece porque as famílias chinesas tendem a poupar mais e porque o número de ações ainda é baixo. O 3 por cento superior dos investidores é dono de 45 por cento das ações compradas por particulares, segundo Song. Embora o número de pessoas que investem em ações tenha crescido para 91 milhões, isso representa cerca de 6,7 por cento da população da China, de 1,4 bilhão de pessoas. Apenas 3,5 por cento deles usaram financiamento marginal, isto é, pediram dinheiro emprestado de corretoras para comprar ações, disseram economistas do Barclays liderados por Jian Chang em uma nota datada de 10 de julho, citando uma pesquisa local.

Impacto no PIB: Colocando tudo na balança, Song do Goldman Sachs prevê que a queda das ações poderia reduzir o crescimento do PIB da China em 0,5 ponto porcentual no terceiro trimestre em relação ao período anterior e que parte do impacto seria revertida antes do fim do ano. O banco mantém sua previsão do PIB para o ano completo em 6,8 por cento, em sintonia com a previsão do Barclays e abaixo da meta de 7 por cento do governo. Ambos os bancos esperam que o banco central corte suas taxas de juros e as razões de reservas exigidas.

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